ATA DA QÜINQUAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 16-8-2004.
Aos dezesseis dias do mês de agosto de dois mil e
quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Beto Moesch,
Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, Ervino Besson, Guilherme Barbosa, Isaac
Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Nereu D'Avila, Professor Garcia,
Reginaldo Pujol e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos Pestana, Cassiá Carpes,
Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Gerson Almeida, Haroldo de Souza,
João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria Celeste, Maristela Maffei,
Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Renato Guimarães, Sebastião Melo, Valdir
Caetano e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pela Comissão de
Saúde e Meio Ambiente, o Pedido de Informações nº 137/04 (Processo nº 4026/04);
pelo Vereador Beto Moesch, o Projeto de Decreto Legislativo nº 006/04 (Processo
nº 4076/04); pelo Vereador Cassiá Carpes, o Projeto de Resolução nº 101/04
(Processo nº 3994/04); pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Informações
nº 139/04 (Processo nº 4097/04); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de
Providências nos 1527, 1528 e 1539/04 (Processos nos
4080, 4082 e 4110/04, respectivamente); pelo Vereador Professor Garcia, os
Pedidos de Providências nos 1529, 1530, 1531, 1532, 1533, 1534,
1535, 1536 e 1537/04 (Processos nos 4088, 4089, 4090, 4091, 4098,
4099, 4101, 4102 e 4103/04, respectivamente) e a Indicação nº 025/04 (Processo
nº 4095/04); pelo Vereador Sebastião Melo, o Pedido de Providências nº 1510/04
(Processo nº 3978/04). Também, foi apregoado o Ofício nº 363/04, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo
nº 043/04 (Processo nº 4079/04). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos
229 e 231/04, do Senhor Valdemir Colla, Superintendente de Negócios da Caixa
Econômica Federal – CEF; Comunicado nº 110341/04, do Senhor José Henrique Paim
Fernandes, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.
Na oportunidade, por solicitação do Vereador Reginaldo Pujol, foi realizado um
minuto de silêncio em homenagem à Senhora Maria da Graça Espindola de Oliveira,
falecida ontem. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA
POPULAR, aos Senhores Júlio César Borges da Conceição e Oflides Paz,
respectivamente Presidente e Secretário da Associação dos Vendedores de
Churrasquinho do Rio Grande do Sul – AVENCHUR, que discorreram acerca dos
efeitos da Instrução Normativa nº 12/03, da Secretaria Municipal da Produção,
Indústria e Comércio – SMIC, que regula as atividades dos vendedores ambulantes
de churrasquinho. Nesse sentido, alegaram que o uso de carvão para assar a
carne é prejudicial à saúde das pessoas e ao ambiente e frisaram que essa
Instrução Normativa resultou de negociações entre a categoria dos vendedores de
churrasquinho e a SMIC, não interferindo nas atividades dos comerciantes locais
e dos transeuntes. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os
Vereadores Ervino Besson, Cláudio Sebenelo, Adeli Sell, Cassiá Carpes, João
Antonio Dib e Haroldo de Souza manifestaram-se acerca do assunto tratado
durante a Tribuna Popular. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo
afirmou que os discursos realizados hoje, em Tribuna Popular, pelos Senhores
Júlio César Borges da Conceição e Oflides Paz são contrários aos interesses dos
vendedores de churrasquinho e argumentou que o preparo de churrasco com carvão
é uma das mais importantes tradições do Estado, mencionando a possibilidade de
elaboração de Projeto de Lei nesta Casa, a fim de regularizar essa atividade. A
seguir, foi iniciado o Período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o
transcurso do centésimo aniversário do Colégio Marista Nossa Senhora do
Rosário, nos termos do Requerimento n° 049/04 (Processo nº 1285/04), de autoria
do Vereador Haroldo de Souza, em co-autoria com o Vereador Beto Moesch.
Compuseram a Mesa: o Vereador Elói Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de
Porto Alegre; os Professores Firmino Biazus e Hilário Bassotto, respectivamente
Diretor e Vice-Diretor do Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário; o Vereador
João Carlos Nedel, 1° Secretário deste Legislativo. Na oportunidade, o Senhor
Presidente registrou a presença do Senhor Guido Moesch, ex-Deputado Federal. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Haroldo de Souza, lendo depoimento de autoria de seu
filho, estudante do Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário, discursou acerca
dos esforços empreendidos por São Marcelino Champagnat em prol do crescimento e
da melhoria nos serviços de educação, destacando a influência que a instituição
ora homenageada tem sobre seus alunos, na disseminação e valorização de
sentimentos como amor, fé e dignidade. O Vereador Beto Moesch parabenizou o
Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário pelo seu centenário, declarando que
esse Colégio é uma das instituições de ensino mais qualificadas do Brasil.
Ainda, relembrou a época em que Sua Excelência estudou nessa instituição de ensino,
salientando a consciência política e a cidadania de seus alunos e lembrando a
Plenária do Estudante, realizada no ano de dois mil e três, neste Legislativo,
com a participação do Colégio do Rosário. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Beto Moesch, dando continuidade ao seu discurso em Comunicações, recordou que o
Colégio Rosário teve entre seus alunos pessoas que fizeram parte da história de
Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Também, elogiou os princípios maristas que
regem as atividades dessa instituição, enfatizando que o Colégio Marista Nossa
Senhora do Rosário é uma referência de ensino, ética e solidariedade. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Reginaldo Pujol ratificou o discurso do Vereador Beto
Moesch e lembrou da convivência que mantinha com alunos do Colégio Marista
Rosário na época em que Sua Excelência cursava a Faculdade de Direito. Nesse
sentido, recordou os contatos que várias pessoas ligadas a essa Escola têm com
Sua Excelência e enfocou a justeza da presente homenagem abordando o comprometimento
dessa instituição com a responsabilidade social. O Vereador Professor Garcia,
cumprimentando os representantes do Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário,
presentes nas galerias, justificou que um século de atividades para uma
instituição de ensino é um motivo de raro júbilo. Em relação ao assunto,
congratulou esse estabelecimento pela tradição adquirida ao longo dos seus cem
anos e exaltou os valores cristãos e de compromisso social que regem as
atividades desenvolvidas em prol do ensino aos alunos. A Vereadora Sofia
Cavedon, registrando que Porto Alegre possui um dos melhores padrões
educacionais do País, destacou a participação do Colégio Marista Nossa Senhora
do Rosário na construção dessa realidade. Nesse sentido, afirmou que o ensino
ministrado pela instituição homenageada considera a integralidade do mundo das
crianças e adolescentes, viabilizando suas vitórias frente aos desafios da
sociedade atual, em termos de conhecimento e de inserção no mercado de
trabalho. O Vereador João Carlos Nedel teceu considerações acerca da presença
da Igreja Católica na sociedade contemporânea, enfocando atividades
desenvolvidas em áreas como educação e assistência médica e social. Ainda,
declarou que o Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário segue uma filosofia voltada
à evangelização por meio do ensino, sendo hoje considerado exemplo de trabalho
embasado em conceitos como modernidade, solidariedade e participação da
comunidade escolar. O Vereador Isaac Ainhorn abordou a qualidade do ensino
ministrado pelo Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário, salientando a
responsabilidade das instituições de cunho privado na criação de meios que
garantam aos jovens uma formação realista, moderna e consciente do mundo que
integram. Também, citou cartilha sobre segurança elaborada por esta Casa em
conjunto com a entidade homenageada e criticou o sistema de ensino por ciclos
implantado no País pelo Governo Federal. Após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra ao Irmão Firmino Biazus que, em nome do Colégio Marista Nossa Senhora
do Rosário, agradeceu o registro feito por este Legislativo, com referência ao
transcurso do centésimo aniversário dessa entidade. Em continuidade, foi
realizada apresentação musical por grupo de alunos do Colégio Marista Nossa
Senhora do Rosário, regidos pela Professora Helena Lopes, e o Professor Hilário
Bassotto procedeu à entrega, aos Vereadores Elói Guimarães, Haroldo de Souza e
Beto Moesch, de lembranças relativas ao centenário do Colégio Marista Nossa
Senhora do Rosário. Na ocasião, os trabalhos estiveram suspensos das dezesseis
horas e quatro minutos às dezesseis horas e nove minutos, nos termos
regimentais. Após, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento
verbal de autoria da Vereadora Sofia Cavedon, solicitando alteração na ordem dos
trabalhos, iniciando-se o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a
homenagear o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos – MOVA, nos termos
do Requerimento n° 109/04 (Processo n° 2898/04), de autoria da Vereadora Sofia
Cavedon. Compuseram a MESA: o Vereador Elói Guimarães, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, em substituição; o Professor Paulo Renato Cardoso
Soares, Coordenador do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos - MOVA; a
Professora Sônia Pilla, Secretária Adjunta de Educação Municipal; as Senhoras
Bárbara Bueno Machado, Eva Eni Martins da Silva e Josina Marcolina, educadoras
do MOVA, respectivamente, das Regiões Leste, Sul e Oeste; o Vereador João
Carlos Nedel, 1º Secretário deste Legislativo. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora
Sofia Cavedon discorreu sobre o significado do MOVA como instrumento de mudança
social, no processo de educação voltado para o compromisso com a comunidade, a
conscientização e a formação de personalidades cidadãs. Nesse sentido, frisou a
necessidade do constante aperfeiçoamento do professor e da proposta pedagógica,
para que se concretize uma perspectiva voltada ao diálogo com o ambiente
sócio-cultural do aluno. O Vereador Raul Carrion parabenizou os integrantes do
MOVA pelo trabalho realizado em Porto Alegre, lembrando a figura de Paulo
Freire, como referência da busca por novos caminhos em termos de alfabetização,
com o envolvimento da comunidade-alvo na definição de metodologias aplicadas
nessa área. Finalizando, citou trechos do poema “O Analfabeto Político”, de
autoria do poeta alemão Bertold Brecht, relativo à importância da
conscientização social do ser humano. O Vereador Guilherme Barbosa afirmou que
um adulto que aprende a ler e escrever ingressa em um mundo novo, onde são
vislumbradas múltiplas possibilidades em termos de realização pessoal e
profissional. Também, enfatizando que a educação de adultos segue normas de
ensino diversas das utilizadas com o público infantil, saudou os resultados
positivos alcançados pelo MOVA, não apenas em termos de alfabetização, mas de
efetiva integração social. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra às
Senhoras Sônia Pilla, Bárbara Bueno Machado, Eva Eni Martins da Silva e Josina
Marcolina, que agradeceram a homenagem hoje prestada por este Legislativo ao
Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos – MOVA. Também, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Senhor Herculano Gonçalves Corrêa, aluno
egresso do MOVA, que procedeu à leitura de poema escrito por Sua Senhoria,
relativo à importância da alfabetização na vida das pessoas. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Pedro Américo Leal manifestou-se acerca dos problemas de
segurança pública observados no País, contestando declarações do Senhor Márcio
Thomaz Bastos, Ministro da Justiça, divulgadas na imprensa, favoráveis à
revisão da Lei Federal nº 8.072/1990, conhecida como Lei dos Crimes Hediondos.
Sobre o assunto, defendeu a manutenção dessa legislação e a criação de
instrumentos que viabilizem maior rigidez no combate à criminalidade. O
Vereador João Antonio Dib referiu-se ao número de Vereadores presentes no
Plenário, reiterando que, ao ser aprovada uma homenagem, os Vereadores deveriam
assumir o compromisso de comparecerem às Sessões. Nesse sentido, cobrou mais
assiduidade e responsabilidade dos Senhores Vereadores e opinou que os Períodos
das Sessões Ordinárias não deveriam ser usados para discutir outros assuntos
quando destinados a homenagear alguma instituição. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Elias Vidal referiu-se à reportagem na edição de hoje do Jornal Zero
Hora, realizada com o Vereador Pedro Américo Leal, afirmando que esse
parlamentar não deveria abandonar as atividades políticas. Também, discorreu
acerca dos níveis de violência na atualidade e posicionou-se favoravelmente à
Lei de Crimes Hediondos, defendendo penas severas às pessoas que forem
condenadas por crimes previstos nessa Lei. O Vereador Raul Carrion registrou o
transcurso, hoje, do Dia Municipal do Controle da Anemia Falciforme e comemorou
a vitória, em plebiscito, do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ainda,
aplaudiu a aprovação, na Câmara dos Deputados, de Proposta de Emenda à
Constituição, que prevê a expropriação de terras onde seja constatado trabalho
escravo e elogiou a recriação da Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia. EM GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Haroldo de Souza reportou-se ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 154/02, de sua autoria, que proíbe afixar faixas, cartazes e
placas de divulgação de eventos, promoções, serviços e produtos, idéias ou
pessoas, em postes, árvores, paradas de ônibus, pontes e similares. Ainda,
propugnou pelo afastamento do Senhor Henrique Meirelles da presidência do Banco
Central, até o término das investigações sobre Sua Senhoria, promovidas pelo
Ministério Público. O Vereador Cláudio Sebenelo discorreu sobre a trajetória
política e pessoal do Senhor Ibsen Pinheiro, mencionando, em especial, a
atuação que esse parlamentar teve no exercício da presidência da Câmara dos
Deputados. Também, enfocou os problemas enfrentados pelo Senhor Ibsen Pinheiro,
em face de denúncias de corrupção e dados errôneos publicados pela Revista
Veja, em novembro de mil novecentos e noventa e três, que resultaram na
cassação de seu mandato como Deputado Federal. Na oportunidade, face Questão de
Ordem formulada pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou
informações acerca do quórum necessário para a continuidade dos trabalhos da
presente Sessão. Às dezessete horas e quarenta minutos, constatada a
inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Haroldo de
Souza, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convidando os
Senhores Vereadores para a Sessão Solene de amanhã, às quinze horas. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães e Ervino Besson e
secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Havendo quórum, estão
abertos os trabalhos. Tão logo ouçamos o Ver. Reginaldo Pujol, solicitaria ao
1º Secretário que procedesse à leitura das proposições enviadas à Mesa.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, eu sei
que o dia de hoje está marcado por trabalhos muito intensos da Casa que,
inclusive, realizou uma Sessão Extraordinária pela manhã para cumprir prazos
legais a que está submetido este Legislativo. Contudo, não desconhecendo também
que homenagens devem ser prestadas na Casa na tarde de hoje, especialmente ao
Colégio Rosário, no período das Comunicações, eu me sinto no dever de
participar à Casa o passamento da Srª Maria da Graça Espindola de Oliveira,
esposa do Dr. Francisco José Teixeira de Oliveira, ocorrido no dia de ontem,
cujo sepultamento deverá ocorrer na tarde de hoje. Trata-se de uma pessoa com a
qual eu tinha vínculo pessoal muito forte, tanto com ela como com o seu esposo
e filhos. Então, eu requeiro que Vossa Excelência, no momento oportuno,
certamente após a leitura do Expediente encaminhado à Mesa, submetesse ao
Plenário o Requerimento que nós formulamos neste momento, de uma homenagem com
um minuto de silêncio, conforme a tradição da Casa, pelo falecimento da Srª Maria
da Graça Espindola de Oliveira. Fico grato a V. Exª.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): De imediato, deferimos
o pedido de Vossa Excelência.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Solicito ao Sr. 1º
Secretário, Ver. João Carlos Nedel, que proceda à leitura das proposições
enviadas à Mesa.
(Procede-se à leitura das proposições.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Esta presidência solicita aos Srs. Vereadores que se
pronunciem somente ao final do período destinado a todos os homenageados no
sentido de dinamizarmos a presente Sessão, dada a grande quantidade de material
de hoje e as diversas homenagens que a Casa tem de prestar.
Passamos à
O Sr. Júlio César Borges da Conceição, representando a
Associação dos Vendedores de Churrasquinho do Rio Grande do Sul - Avenchur -,
está com a palavra, para tratar de assunto relativo à Portaria nº 1.203,
referente ao comércio ambulante, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O
SR. JÚLIO CÉSAR BORGES DA CONCEIÇÃO: Obrigado, Sr.
Presidente, Elói Guimarães; obrigado, demais Vereadores. É um orgulho poder
falar numa Casa tão honrada como é a Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Nós,
vendedores ambulantes de churrasquinho, pertencemos a uma categoria simples,
mas éramos tidos como marginais. Só que muitas famílias hoje são sustentadas
com os churrasquinhos - que são bons -, bem como os vendedores de hot-dogs. Há o “Dog do Alemão”, na Av.
Assis Brasil, que atende a diversas categorias de pessoas, e há churrasquinhos
que ainda não se adequaram à Portaria por problemas financeiros. O que eu venho
fazer aqui, hoje, é defender a Portaria nº 1.203, que foi assinada pelo então
Secretário Adeli Sell, que nos deu a honra de ter uma profissão; eu sustento
meus filhos vendendo churrasquinho, e tem muita gente que faz isso também.
O churrasquinho deixou de ser aquele
“bico” que a gente ia fazer na esquina no final da tarde para aumentar um
pouquinho o nosso salário. Hoje aquela pessoa que se adequar à Portaria, que
respeitar a saúde, que respeitar as pessoas e o meio ambiente, tem o direito de
trabalhar com o alvará expedido pela SMIC. A SMIC, que sempre nos perseguiu,
acabou nos dando uma trégua: sentamos com ela, conversamos e nos foi
apresentada uma Portaria que estamos cumprindo. Hoje nós temos 15 carrinhos de
churrasquinho a gás no Centro de Porto Alegre, com os quais a gente não faz
mais fumaça, não se importuna as pessoas que iriam para uma festa e de repente
ficavam enfumaçadas. Hoje a minha fumaça não invade mais a loja em cuja frente
estou trabalhando; a minha fumaça não agride o meio ambiente e nem a mim mesmo.
Há estudos comprovando que o carvão é prejudicial à saúde; imagina você ficar
em frente a uma lata de carvão, com aquela fumaça entrando nos seus pulmões,
isso é perigoso! Nós fomos buscar isso, porque a nossa Associação quer, acima
de tudo, a verdade; a gente não está perseguindo ninguém, apenas que as pessoas
se adaptem à Portaria. Ao final desses estudos, se realmente a professora da
UFRGS - da qual não lembro o nome - provar para nós que realmente o carvão é
cancerígeno e causa problemas, nós vamos estudar a questão de quem quiser
continuar trabalhando a carvão.
Eu, como Presidente da Associação, acho
que há a possibilidade de continuarmos trabalhando com carvão, mas devemos
fazer isso com responsabilidade; não podemos simplesmente sair colocando fogo
em qualquer coisa; se pudermos respeitar o meio ambiente, vamos fazê-lo. É
muito fácil a gente falar dos americanos, principalmente dos que não respeitam
o meio ambiente, já que não quiseram assinar o Tratado de Kyoto; eles não
querem saber o que vai acontecer com o Planeta - azar do resto. Pode não
parecer muita coisa uma fumacinha numa esquina, mas quantas fumaças são jogadas
no ar diariamente? A gente vai ficar ignorando isso? Acho que nós temos de
pensar.
Eu tenho seis filhos, e o Planeta não é
só meu, o Planeta é deles também. Eu não me preocupo só em vender
churrasquinho.
Eu vendo churrasquinho há dois anos e,
daqui a dois anos, eu não quero mais estar vendendo churrasquinho. Se Deus
quiser, eu quero crescer. Se eu puder abrir uma loja, eu vou abri-la, mas
enquanto eu puder respeitar os outros, eu vou respeitá-los, porque a rua não é
só minha.
Quando eu vendia churrasquinho, ele
custava um real e vinte e cinco centavos, e as pessoas diziam que o meu
churrasquinho era muito caro. E eu lhes dizia que ele não era caro, porque eu
gastava e respeitava os outros. Obrigado por terem me escutado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Sr. Oflides Paz,
Secretário da Avenchur, está com a palavra.
O
SR. OFLIDES PAZ: Em primeiro lugar, boa-tarde à Mesa
Diretora, boa-tarde aos nobres Vereadores, boa-tarde aos convidados e a todos
os membros da Casa.
Primeiramente, é importante ressaltar a
importância dessa categoria de vendedores ambulantes de churrasquinho, que é
muito antiga em Porto Alegre e que nunca teve um enquadramento legal - esse
enquadramento legal foi feito pela Portaria nº 1.203. E fica muito claro para
todos nós, que pertencemos a essa categoria, que foi fundamental a criação
dessa Portaria. De tal forma que todos nós que estamos presentes e que temos
algum conhecimento da maneira como é servido o churrasquinho em Porto Alegre,
vamos ver que houve uma evolução no tratamento, na própria confecção do
churrasquinho e no trabalho de venda. Esse trabalho foi feito junto à
Secretaria de Saúde, junto à própria SMIC – um trabalho de comum acordo –, para
que se consiga, hoje, ter um alimento melhor produzido, para que possamos
atender a sociedade.
É importante frisar que essa Portaria foi
criada com um embasamento, houve condições de se buscar financiamento junto ao
Banco do Brasil, e que ela não foi simplesmente colocada de maneira inadequada.
Durante oito meses foram pesquisados os melhores fabricantes, as melhores
propostas de financiamento e os melhores enquadramentos para a categoria. Desse
grupo, não foram todos os que conseguiram se ajustar a esse enquadramento. Uns,
por dificuldades financeiras; outros por dificuldades de ponto. Mas, como disse
o nosso colega, hoje já existem 15 vendedores de churrasquinho legalizados, em
conformidade com a Portaria, enquadrados com o churrasquinho a gás. Vejam bem,
existem dificuldades para que outros colegas tenham esse equipamento, possuam
esse equipamento, mas, de maneira nenhuma, é uma condição impossível. Nós não
podemos fortalecer o lobby de que
churrasquinho é um produto essencialmente gaúcho e tem de ser assado a carvão
ou a lenha.
Vejam, nobres Vereadores, nós não temos
condições de, no Centro de Porto Alegre, fazer uma churrasqueira a lenha,
causando toda essa poluição. Hoje você consegue ver, junto às churrasqueiras a
gás, pessoas de terno e gravata consumindo churrasquinho e dizendo: “Agora eu
consigo comer um churrasquinho e não sair daqui enfumaçado”. Eu acho que houve
uma melhoria não só no atendimento como no enquadramento dessa nova categoria.
É uma categoria antiga, talvez uma das mais antigas da Cidade, mas que também,
como outras, precisa de um enquadramento; é necessário que se criem regras. Tudo
tem de ser regrado - tudo! -, porque nós não podemos extirpar, nós não podemos
acabar com a liberdade das pessoas. E a partir do momento que eu me coloco como
um vendedor de churrasquinho, eu não posso, não tenho o direito de atrapalhar o
vendedor, o comerciante legal, o comerciante estabelecido, e é nessa condição
que se está buscando trabalhar, com ordem e com uma condição melhor de
atendimento. Então, não adianta nós ficarmos aqui debatendo horas e horas a fio
se podemos utilizar carvão ou lenha no Centro. É óbvio que o Centro de Porto
Alegre carece de uma melhor interpretação nossa, porque o Centro de Porto
Alegre hoje vive uma situação difícil de conviver, porque estamos nós,
ambulantes, está o comércio estabelecido, estão os transeuntes, todos com problemas;
cada um com o seu. Temos de minimizar essas situações, auxiliar o Poder Público
a resolver determinadas situações de conflito. Muito obrigado pessoal, muito
obrigado à Mesa Diretora, muito obrigado, nobres Vereadores e convidados. Uma
boa tarde!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convido o Sr. Oflides
Paz, Secretário da Avenchur, a fazer parte da Mesa.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, meu caro Júlio César Borges da Conceição e Sr. Oflides, acho que
uma grande conquista desta Casa foi nós, Vereadores, votarmos a instituição da
Tribuna Popular para as entidades se pronunciarem sobre o que acharem por bem e
direito.
Agora eu estranho o pronunciamento do Sr.
Júlio e do Sr. Oflides, porque nós tivemos várias reuniões com várias pessoas
que vendem churrasquinho na nossa Cidade, e o pronunciamento de vocês não é o
pensamento da categoria, para começar. Não foi o pronunciamento da categoria,
porque está aqui presente, nas galerias, um grupo de vendedores de
churrasquinho, há 20 anos nesta Cidade, que participou de todas as reuniões,
como nós participamos, e não é esse o pensamento deles.
Então vamos usar a Tribuna Popular com
seriedade, gente. Acho que nós, Vereadores, todos nós trabalhamos com
seriedade. Não estamos aqui para brincar.
Há um Projeto em andamento nesta Casa,
que está sendo discutido com uma categoria, e não com dois, três que usam esta
tribuna e falam o que bem entendem, não representando a categoria.
Portanto, lamento, meu nobre Presidente,
Ver. Elói Guimarães, ouvir pessoas que usam a Tribuna Popular e colocam
considerações que nós não podemos aceitar. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento e para uma
Comunicação de Líder.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhores
visitantes, ilustres visitantes da área do churrasquinho, da área do Colégio
Rosário, que prestigiam a nossa Sessão, nós queremos reptar o que foi dito
nesta tribuna, porque, inicialmente, Sr. Oflides Paz, é exatamente o contrário,
esta é a Casa do debate, tem de ser debatido, sim, porque é para debater, e
esse debate deve ser feito em condições de igualdade dos lados que são
antagônicos. Pela primeira vez, vejo aqui o Presidente de uma instituição
constituída falar mal dos seus constituídos e, mais do que isso, defender o seu
lado pessoal e não defender o lado da Associação. E o que é pior: moldar-se a
uma Portaria que vai contra todos os princípios do Estado do Rio Grande do Sul
- terra do churrasco! Se quiser acabar com a poluição do churrasco, tem de
proibir o churrasco em todo o Rio Grande do Sul! O churrasquinho tem de ser
feito a carvão, porque o fogo de chão é feito de carvão, é feito de lenha
queimada. Se, eventualmente, ele tem um mínimo de poluição, esta terra tem
alguma coisa que está muito acima da poluição das mentes: o vento chamado
minuano, maravilhoso, que varre esta Cidade! Se fosse falar em poluição, não
poderia haver automóveis nesta Cidade; são 600 mil automóveis a poluir contra
300 pessoas que vendem churrasquinho. Então, a esse argumento pueril, infantil,
a esse argumento inaceitável de que churrasquinho polui, se contrapõem,
inclusive, máquinas artesanais e bem simples, que provocam o mínimo ou nenhuma
quantidade de fumaça. Temos demonstrado, inclusive publicamente, aqui nesta
Câmara, que o gás é de risco, altera o gosto da carne, e, principalmente, que
não há nenhuma razão para haver essa mudança, seja do ponto de vista econômico,
seja do ponto de vista cultural. Obrigar as pessoas que estão trabalhando com
churrasquinho a fazer um financiamento para adquirir o que não podem pagar; por
favor! Não foi feliz essa Portaria. Acho que esse é um dos equívocos que
eventualmente pode um homem público cometer, mas a Associação e o presidente
desta virem aqui e defenderem o equívoco!? Aí, isso é muito grave! Parece que
as entrelinhas devem ser lidas, especialmente as entrelinhas da Associação,
porque ela existe para defender os interesses de todos os associados!
Mas nós aqui não queremos só discutir
isso, como queremos discutir a questão do churrasco. Que queiram fazer
churrasco a gás, podem fazer; que queiram fazer a carvão, podem fazer, sim,
senhor, porque se faz no Rio Grande do Sul inteiro. Inclusive o gosto da nossa
carne é sui generis, porque nós
fazemos a carvão, com brasa, com lenha! Isso não vão tirar da nossa cultura,
por favor! Se há alguma coisa que nós podemos oferecer, e é extraordinário para
este Estado, é a sua cultura, a sua culinária - o churrasco, que é conhecido no
mundo inteiro, feito da forma como nós fazemos, com fogo de chão. Disso nós não
vamos abrir mão, nunca! Sei que Porto Alegre deve ser mais do que uma
modalidade culinária, deve ser uma atração turística para as pessoas que vêm
aqui provarem esse extraordinário churrasquinho feito a carvão.
Então, parece, que hoje estamos aqui
perante uma anomalia, perante uma aberração, perante alguma coisa que nos choca
e nos constrange, que é uma associação defender apenas o lado do seu presidente
e de meia dúzia de pessoas contra a opinião de toda uma associação de 300
pessoas que fazem churrasquinho na cidade de Porto Alegre, que tem de ser
conhecida também pelo churrasquinho ambulante que é feito com controle da
carne, com fiscalização, com excelente trabalho.
Nós fomos à Secretaria e lá, como a
grande maioria das pessoas que fazem o churrasquinho a carvão, chegamos à
definida posição de que se deve fazer um decreto ou uma nova lei aqui por esta
Casa, contemplando-se as duas alternativas, as duas modalidades. Eu ainda não
tinha visto uma associação defender uma posição exatamente contrária àquilo que
é feito, uma atitude absolutamente suicida, personalista, narcisista, de se
defenderem apenas os interesses de uma pequena fração ou de uma pessoa. Na
verdade, nós não aceitamos isso, e sobre isso o Ver. Besson, que vai ser o
autor da proposta, do Projeto, já conversou com o Sr. Secretário, dizendo que
essa Lei vai contemplar as modalidades de churrasco na cidade de Porto Alegre.
Mas, por favor, que entrem junto a Secretaria Municipal de Cultura, a
Assembléia Legislativa, todos os que definiram o que é churrasco, e que não
deixem deturpar esse maravilhoso churrasquinho feito a carvão, com brasa, com
uma fumacinha, sim, muito gostosa e muito cheirosa, com um aroma muito
agradável, uma das coisas mais lindas que este Estado já fez, que é o nosso
churrasco! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli Sell está
com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meus
caros Júlio e Júnior, senhoras e senhores, essa Portaria é de autoria da
Secretaria Municipal da Saúde e da SMIC durante a nossa gestão. Foram feitos
vários estudos, pela Vigilância Sanitária do Município e por técnicos, acerca
da segurança dos equipamentos e dos problemas advindos da poluição do ar pelo
uso do carvão. Se tivesse aparecido, até este momento ou enquanto nós estávamos
na Secretaria, um laudo claro, efetivo de que não teria nada a ver com o
ambiente a feitura do churrasco a carvão, evidentemente que nós não teríamos
tomado essa decisão. No entanto, há centenas, centenas de reclamações diárias
sobre a poluição do Centro e de outras bandas da Cidade.
Essa é a posição que eu teria de defender
aqui, porque fui o Secretário signatário. A minha Bancada - está aqui comigo o
nosso Vice-Líder, Guilherme Barbosa - estudará toda e qualquer posição, como
não poderia deixar de ser, e, evidentemente, aqui, eu faço a defesa daquilo que
fiz como gestor público, porque eu tinha esses elementos e tinha o apoio da
Secretaria Municipal da Saúde. Eu acho que Portaria, enquanto existir, deve ser
cumprida; se alguém quiser mudar, que mude.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cassiá Carpes
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, eu quero saudar o
Presidente da Associação dos Vendedores de Churrasquinho do Rio Grande do Sul.
Esse assunto está sendo debatido na Comissão de Direitos Humanos e do
Consumidor, e pedimos a revogação dessa Portaria até que nós possamos estudar,
dentro da nossa Comissão, pois esse é um assunto muito complexo. Nós estamos
num Estado em que a cultura é muito forte; imaginem, agora na Semana
Farroupilha - já não é mais uma semana, é um mês -, aqui no Parque Harmonia,
impedirmos que todo mundo faça o churrasco a carvão. São milhares de churrascos
que serão feitos, aqui, no Parque Harmonia.
Então, parece-me que o Ver. Adeli fez
algumas coisas boas no Centro, mas também usou muito a mídia. Hoje, o Centro
continua a mesma bagunça, e o Ver. Adeli, parece-me, fez uma mídia muito forte.
A prova está que ele está tendo o apoio maciço dos comerciantes do Centro, mas,
na realidade, não resolveu o problema do Centro. E esse assunto do churrasco,
numa Portaria baixada sob pressão, vai favorecer a quem? As empresas de gás? As
empresas de carne? Não, nós temos de debater profundamente a situação na
Comissão de Direitos Humanos e de Defesa do Consumidor desta Casa. Obrigado,
Sr. Presidente. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, meus caros integrantes da
entidade que é Associação dos Vendedores de Churrasquinho do Rio Grande do Sul.
Esta Casa já gastou muitos minutos, chega a horas, talvez, debatendo um
problema tão palpitante quanto o do churrasquinho nas ruas da nossa Cidade. E
por que isso acontece? Porque a Administração Prefeitoral não tem senso de
medida, não tem idéia do que deva acontecer na Cidade, a não ser fazer muita
publicidade. Não sabe o que é necessário e o que não é necessário; assim como
estimulou todos os camelôs que por aí estão, estimulou todas as vendas de
churrasquinho, estimulou todas as carroças que aí estão na Cidade, e Porto
Alegre é a capital mundial da carroça - capital mundial da carroça!
Nós, então, vemos que há necessidade, por
desconhecimento do que ocorre na Cidade, através da Administração Prefeitoral,
de a Câmara perder o seu tempo, discutindo um assunto que não deveria ter
ocorrido, que a Prefeitura deveria ter dimensionado; a Prefeitura deveria saber
que churrasco se faz com carvão, e todas essas coisas, mas a Prefeitura gosta
muito é de fazer publicidade. Encheu a Cidade de camelôs, encheu a Cidade de
carroças e agora não sabe o que fazer; então vai fazendo decretos sem pé nem
cabeça, sem a preocupação de buscar uma solução, criando mais um problema. Essa
parece a destinação das ações da Prefeitura Municipal. A Administração
prefeitoral está de parabéns: sabe como se cria problema. Saúde e PAZ!
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, não necessitarei de dois,
nem três, nem sete minutos para discutir este assunto, um problema causado pela
Prefeitura num decreto. Como é que vai-se proibir?! Primeiro crie-se, então,
emprego para essas pessoas. (Palmas.) Se essas pessoas tiverem emprego, elas
não vão necessitar vender churrasquinho! Então, que se venda, sim, o
churrasquinho assim, feito com o carvão, sim! Por que tem de ser a gás? E por
que a Prefeitura tem de tomar uma decisão dessas em decreto autorizativo? Eu
fora! Não é por aí! Eu acho que o tempo é suficiente para nós resolvermos os
problemas das pessoas buscando emprego para elas, e não tirando o pouco que
elas já têm para o seu sustento. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos encerrar
esta parte da Sessão, agradecendo a presença da Associação de Vendedores de
Churrasquinho do Rio Grande do Sul, a Avenchur, ao Sr. Júlio César Borges da
Conceição, Presidente, e também ao Sr. Oflides Paz, Secretário da referida
Associação. Os debates se fizeram, as idéias e os pontos de vista foram
colocados. Então, a nossa saudação a Vossas Senhorias. Obrigado.
Passamos às
COMUNICAÇÕES
De imediato, vamos prestar homenagem ao
Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário, pela passagem do seu centenário.
Convidamos a fazer parte da Mesa o Irmão Firmino Biazus, Diretor do Colégio
Marista Nossa Senhora do Rosário, bem como o Professor Hilário Bassotto,
Vice-Diretor da entidade. Queremos saudar as pessoas aqui presentes,
professores, mestres, alunos. Queremos, também, registrar a presença do
ex-Deputado Guido Moesch, pai do Ver. Beto Moesch, que um dos proponentes desta
homenagem. De imediato, damos início à presente homenagem, extremamente
importante, que marca um século de existência do Colégio Rosário.
O Ver. Haroldo de Souza está com a
palavra em Comunicações.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Exmo Sr. Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, neste ato, Ver. Elói Guimarães, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) (Lê.) “Estou no Colégio Rosário há quatro anos e meio e sinto que
estou bem acolhido, pois, desde a primeira série, só encontrei colegas e
professores amigos, que aprendi a respeitar e a gostar muito. Quero aproveitar
esta homenagem que meu pai presta ao meu Colégio Rosário, nestes 100 anos de
uma vida plena e de muita luz, para homenagear a todos em nome da minha
professora Genny, que eu adoro, e tenho certeza de que é um anjo que cuida de
nós e contribui, com sua sabedoria e amor, para que o nosso Colégio cada vez
mais seja motivo de orgulho e de exemplo para todos”. Esse depoimento é do
aluno Petuty, meu filhote.
Nós passamos, mas o Colégio Rosário
permanece, porque assim São Marcelino Champagnat lutou para que fosse. E seu
esforço, seu sonho ganhou asas tão grandes que se espalharam pelo mundo afora,
graças à sua obsessão marista de ensinar, respeitar e amar. São Marcelino,
grande mestre, permanece entre nós em cada gesto, em cada ato de amor, em cada
ensinamento, em cada obra de caridade e de bondade.
São Marcelino nos deixou sua maior herança: amor a Deus e
aos homens, e o dom de ensinar com amor às crianças. Amor de um grande mestre
que queria mais que ensinar, também qualificar, para um futuro profissional,
homens dignos que se respeitassem, que respeitassem seus semelhantes.
São Marcelino lutou muito para
transformar pessoas em seres humanos capazes de olhar o mundo com mais amor,
com mais esperança e com muita ternura.
São Marcelino Champagnat, esse anjo que
passou aqui entre nós, deixou essa obra gigantesca de ensinamento, e, entre
ela, esse braço fantástico do ensino do Rio Grande do Sul, que é o Colégio
Rosário. Seus ensinamentos estão imortalizados nesses 100 anos de existência.
Nenhuma entidade, nada neste mundo atinge um século de vida sem que atinja os
seus objetivos e com a necessidade do profundo reconhecimento de toda a sociedade.
Em cada aluno do Colégio Rosário fica a
marca do aprendizado escolar, mas também uma profunda cultura de amor e de fé.
São Marcelino queria um povo culto,
queria que cada um soubesse o seu real valor, de sua verdadeira missão aqui na
terra. Homens cultos, sim, dignos, mas humanos o suficiente para saberem que
tudo tem valor quando os caminhos da felicidade são trilhados pelos
ensinamentos de Cristo. Ele queria homens vencedores que aprendessem além da
profissão, que soubessem o real valor da lealdade, da solidariedade e do amor.
Colégio Marista Rosário, recebam todos:
seus dirigentes, professores, colaboradores e alunos a homenagem da Casa do
Povo de Porto Alegre, a homenagem do povo de Porto Alegre. Colégio Rosário: 100
anos de educação, lições para vida inteira. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Beto Moesch,
co-proponente desta homenagem, está com a palavra em Comunicações.
O
SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Centenário de uma instituição: o simples fato de uma instituição,
seja ela qual for, estar fazendo 100 anos mostra que vale a pena acreditar
neste País. Todavia, nós não estamos homenageando, através da Casa do Povo, o
Parlamento de Porto Alegre, o centenário de uma instituição com sede em Porto
Alegre, nós estamos homenageando o centenário do Colégio Rosário, assim
conhecido, Nossa Senhora do Rosário. É uma das instituições de ensino mais qualificada
e importante da Capital do Rio Grande do Sul e do Estado do Rio Grande do Sul
como um todo, e, porque não dizer, do Brasil.
O Rosário é uma verdadeira grife do
ensino. E posso dizer que me orgulho muito de ter sido aluno desse Colégio,
aliás, no ano passado, a minha turma fez 20 anos de formatura do 2º Grau do
Colégio Rosário, quando reunimos pessoas que há vinte anos eu já não as via.
Foi muito emocionante! Assim como é emocionante não só rever, mas continuar o
convívio com a minha ex-professora, a Maria da Conceição Nogueira Pires, hoje
Presidenta do Clube do Professor Gaúcho, minha ex-professora de Biologia.
Talvez não seja por menos que hoje eu seja um ambientalista. É bom não só
rever, mas continuar convivendo com a Genoveva, a Genô, nossa querida Genô, que
defendia os alunos frente aos carrancudos professores, entre aspas, e diretores
do Colégio Rosário. Não é fácil lidar com adolescentes, mas estava lá a Genô, e
quando estávamos em apuros, nos socorríamos da Genô. E a Genô estava lá, como
está aqui, hoje, conosco. Genô, que bom que vocês estão hoje conosco na Câmara
de Vereadores. E a vida é assim!
Das salas de aula do Colégio Rosário, do Carecão, jogando
futebol, e consegui levar a minha turma a duas finais, como zagueiro direito do
Rosário, Ver. João Bosco Vaz. Daquele período tão saudoso. Hoje estamos aqui,
na tribuna da Câmara de Vereadores, com certeza, muito em virtude de ter
estudado e convivido no Colégio Rosário.
Eu cresci, muito antes de entrar no Colégio Rosário, ouvindo
o meu pai falar do Grêmio Estudantil, do qual fui um dos dirigentes. O Grêmio
Estudantil do Colégio Rosário está fazendo 80 anos. E fiquei impressionado,
quando na plenária do estudante, no ano passado, recebemos, aqui, os alunos do
Colégio Rosário. Como nós, Vereadores, aprendemos com os alunos do Rosário,
Ver. Elói Guimarães; alunos maduros, verdadeiros cidadãos da cidade de Porto
Alegre.
Os alunos do Colégio Rosário não são o
futuro desta Cidade, deste País, são o presente. Como a Carolina, que está
aqui, trabalhando como voluntária no Hospital Espírita, ajudando as pessoas com
problema de saúde mental. Nós vemos vários alunos desempenhando, Ver. Pujol, o
voluntariado, ou seja, exercendo a cidadania. Deixando o seu lazer, depois de
estudar no árduo e difícil ensino do Colégio Rosário, porque é exigente, como
tem de ser, e esses alunos estão lá, nas horas vagas, colaborando com a
sociedade porto-alegrense de uma forma geral. Isso é o Colégio Rosário!
Peço, Ver. Elói Guimarães, meu tempo de
Liderança para que eu possa concluir este momento importante de homenagem.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Beto Moesch
está com a palavra para uma Comunicação de Líder, para concluir seu discurso.
O
SR. BETO MOESCH: Neste momento, falo também em nome dos
Vereadores João Antonio Dib, Pedro Américo Leal e João Carlos Nedel,
componentes da minha Bancada, do Partido Progressista.
O Colégio Rosário, não por menos,
apresenta nomes que fizeram história em Porto Alegre, no Estado, em termos de
ensino, talvez o mais conhecido: Irmão José Otão, o Irmão Leôncio, o Nícolas
Rúbio, que era o Diretor na época em que eu estudava no Colégio Rosário;
verdadeiros não só professores, lecionadores, mas lutadores pelo ensino
democrático e livre deste País.
Os princípios básicos, instituídos por
Champagnat, são os que regem esse ensino de qualidade, de referência que é o
Rosário. Aliás, a formação marista é assim. A sua missão é evangelizar através
da Educação, com a finalidade de ajudar nossos educandos a harmonizar fé,
cultura e vida, para serem bons cristãos, virtuosos cidadãos e profissionais
éticos competentes. Um cidadão responsável que: valorize e respeite a vida;
possa dar e receber amor; estabeleça relações de amizade.
Aliás, quantos colegas que conheço, há 20
anos, são meus colegas até hoje, assim como os professores que estão aqui,
hoje. São 20 anos de amizade!
Também quer formar um cidadão que: assuma
e valorize a família; participe de todas as situações propostas com autonomia,
com postura crítica, responsável e criativa frente às novas realidades; que
tenha consciência de seu ser político e da importância de sua participação
ativa como cidadão.
Colégio Rosário: uma história de exemplo,
de realidade, de desenvolvimento para a cidade de Porto Alegre, para o Estado
do Rio Grande do Sul, para o Brasil.
Numa época em que não havia escolas no
interior do Estado, e que as pessoas tinham de vir aqui, como o meu pai, de
Arroio do Meio para Porto Alegre, como tantos outros, de Santa Catarina e de
outros Estados, todos queriam estudar - assim como todos querem estudar - nessa
referência de ensino, de ética, de solidariedade que é o Colégio Rosário.
Portanto, muito mais do que parabenizar a
vocês todos, Porto Alegre quer agradecer a essa história maravilhosa que mostra
que vale a pena investir no País, que vale a pena investir nos brasileiros.
Parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra em Comunicações.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Exmo Sr. Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu vivi dois momentos nesta tarde:
o primeiro, logo no início da Sessão, em que passei uma informação à Casa, que
justificou a decretação de uma homenagem póstuma à querida amiga Maria da Graça
Espindola de Oliveira, o que vai determinar inclusive que, em breve, eu me
afaste da Casa para cumprir uma representação, que me foi delegada pela
Presidência, de estar presente nos últimos atos que antecedem ao sepultamento
dessa pessoa.
A segunda vibração que eu tive foi ouvir
o Ver. Beto Moesch da tribuna. O Ver. Beto, que se encontra hoje acompanhado do
seu progenitor, meu particular amigo, mostrava todo o amor, todo o carinho,
todo o entusiasmo de quem, por longos anos, estudou no Colégio homenageado. Eu,
particularmente, nunca estudei no Colégio Rosário, ainda que, num determinado
momento da minha vida, em face de ter cursado a Faculdade de Direito da
Pontifícia Universidade Católica, tive, meu caro Guido, durante os três
primeiros anos de formação universitária, a convivência diuturna com os alunos
do Colégio Rosário, porque ambas, Faculdade de Direito da PUC e o Curso Normal
do Colégio Rosário, desdobravam-se ali, na Praça Dom Sebastião, numa convivência
muito harmoniosa.
Também lembro os tempos de política
estudantil, e aí o Beto me avivava um pouco a memória, falando do GER, Grêmio
Estudantil Rosariense, presidido por inúmeras pessoas que se transformaram em
minhas amigas; o relacionamento no cotidiano da União Metropolitana dos
Estudantes Secundários de Porto Alegre. Por isso, sem ter estudado no Rosário,
aprendi a respeitar e a proclamar a excelência do ensino que ali se realiza.
Hoje, eu diria até que seria suspeito de fazer essa afirmação, na medida em que
colaboram com essa instituição, no seu quadro do Magistério, até pessoas que se
vinculam a mim, por laços sangüíneos - meus parentes - e porque, a cada
momento, uma coisa surpreende-me no Colégio Rosário. Ainda há pouco, estava
aqui uma jovem que veio me informar que ela estava também vinculada ao Colégio
Rosário, na condição de relações públicas. Eu disse: que beleza, a mãe já
trabalha no educandário, agora a filha está trabalhando, e elas representam uma
família de excelente tradição com as quais eu tenho grande vínculo, muito
apreço e muito carinho.
Por isso, o Rosário, para mim, apesar de
não ter sido nunca seu aluno, não é uma figura estranha, é uma instituição que
conheço, ainda que com algumas limitações, mas limitação alguma me impede de
participar desta homenagem, de subscrever o emocionado pronunciamento do Ver.
Beto Moesch, a bela manifestação do Ver. Haroldo de Souza, e somar o PFL
àquelas Bancadas que já se manifestaram e que irão manifestar-se, homenageando
esse educandário que chega a cem anos de existência, fato raro, porque poucas
escolas, neste Estado, têm a festejar essa condição centenária que, agora, o
Rosário obtém.
Meus cumprimentos à Direção, ao seu corpo
de professores, aos seus alunos, ex-alunos, e a todos aqueles que, de uma forma
ou de outra, participam como alunos, ex-alunos ou futuros alunos dessa grande
entidade a ministrar um curso sério, inspirado na doutrina cristã, comprometido
com a idéia de transmitir aos jovens a responsabilidade social e que, ao longo
do tempo, se fez merecedora de todos os aplausos, de todo o respeito que a Casa
do Povo, neste momento, está a consagrar.
Meus cumprimentos ao Rosário, aos seus
fundadores, aos seus impulsionadores e àqueles que mantêm viva essa belíssima
tradição. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Professor
Garcia está com a palavra em Comunicações por cedência de tempo do Ver. Valdir
Caetano, e por transposição do tempo com a Verª Sofia Cavedon.
O
SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Diretor
e Vice-Diretor do Colégio Rosário, quero agradecer à Verª Sofia por aceitar a
inversão de tempo, já que este parlamentar, agora, às 16h, estará viajando para
Brasília.
Queremos registrar as presenças do Irmão
Joadir; do Prof. Marcelo; do Prof. Juarez, meu colega de Educação Física e
Coordenador-Geral da Escola de Educação Física; da Profª Genoveva; da Desiree;
da Profª Maria da Conceição, que já foi citada, Presidente do Clube do
Professor Gaúcho, sendo que, nesse fim de semana, tive a oportunidade de
participar do Baile dos 33 Anos do Clube; da Profª Vera; da Profª Vanessa; da
Profª Rosaura, que recebeu o Título Theresa Noronha, por proposição do Ver.
Haroldo de Souza; do Irmão Lauro; também da Clarisse; Paula; Tania; Ricardo;
Irmão Vinicius; Helena; Maria Alice; Irmão Solimar; Irmão Jaime: Irmão Elto; a
representação do Grêmio Estudantil; a Jumar - Juventude Marista -, com quem, na
semana passada, nós tivemos a oportunidade de participar de um debate entre os
candidatos a Prefeito, numa outra entidade marista, no Cesmar.
Queremos dizer que uma escola, quando
completa cem anos, já é algo de júbilo, mas quando uma escola completa cem anos
com a vitalidade do Colégio Rosário, muito mais ainda. Sabemos - e como
professor a gente vive isso no dia-a-dia - que as escolas particulares estão
vivendo um momento de crise, um momento socioeconômico de dificuldades, devido
à saída de alunos. O Rosário é uma das poucas exceções dentro do nosso Estado e
do Brasil que continua com um número efetivo de alunos, trazendo, a cada ano
que passa, um contingente maior. Isso se explica, porque é uma escola que tem
algo que se busca, ou seja, tradição. O Colégio Rosário é daquelas escolas que
têm tradição. Falando com o Prof. Juarez, um dia desses, ele me citava aquelas
histórias que vêm de geração em geração; é o ex-aluno que traz seu filho, é o
avô que traz seu neto, é o bisavô que vai visitar a escola e contar uma
história para seu bisneto - e isso é muito rico, porque a tradição é feita
disso: é alguém que foi feliz com seu ensino e quer dar aquilo que vivenciou
para seus filhos. Vocês conseguem fazer muito bem isso, por isso eu digo: uma
escola que faz 100 anos com essa vitalidade é aquela escola que está sempre se
atualizando, é uma escola moderna, e - já foi dito muito bem por outros
Vereadores - tem essa pujança porque, na realidade, aquilo que vocês têm de
diferencial é a questão da tradição e, principalmente, a formação embasada em
valores cristãos, valores esses perenes, baseados na estrutura da família. É
por isso é que o Colégio Rosário é um colégio de líderes; quantos que vivem na
área política - Vereadores, Deputados, Governadores, Senadores - saíram dali?
Porque, além dessa formação cristã, dessa formação baseada na relação da
família e na questão da tradição, vocês procuram mais do que nunca formar
cidadãos comprometidos com os outros. Na medida em que é uma escola que tem
origem pobre, hoje é uma escola de elite, que forma com a responsabilidade de
criar essa consciência, esse compromisso social, e é isso que queremos e
buscamos.
Parabéns pelos 100 anos de vitalidade; e
desejamos cada vez mais crescimento à Escola Marista Rosário. Muito obrigado a
todos. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Sofia Cavedon
está com a palavra em Comunicações.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) A Bancada do Partido dos
Trabalhadores não poderia deixar de se somar à homenagem aqui trazida pelos
Vereadores Beto Moesch e Haroldo de Souza ao Colégio Rosário. Primeiro, porque
a nossa Cidade comemora um dos melhores padrões educativos do País. No jornal
Zero Hora da semana passada uma consultoria inglesa indicava Porto Alegre como
uma das 24 cidades de futuro, com possibilidades de futuro, no mundo. E um dos
itens que colocava Porto Alegre nessa classificação - que muito nos orgulha e
que significa expectativa e esperança de crescimento, de riqueza, e de
possibilidades aos jovens e à nossa população - dizia exatamente do capital
humano desta Cidade na questão da educação, na questão de sermos um dos
melhores padrões educativos do País. E eu tenho certeza de que o Colégio
Rosário contribui definitivamente para isso – o Colégio Rosário e o conjunto
das escolas particulares –, pela sua história, pela sua competência, pelo
símbolo de um colégio centenário, que não envelheceu, que consegue fazer
leitura do tempo, das necessidades dos jovens, das necessidades e novos
desafios do conhecimento do mundo do trabalho, e que consegue se manter
respondendo a essas necessidades, atendendo plenamente aos jovens que têm
condições de pagar uma escola particular.
Então, nós nos orgulhamos do Colégio
Rosário. Ele é símbolo de uma cidade com essa cara: uma cidade viva, cultural,
em que os jovens têm perspectivas, em que os jovens têm grupos, em que os
jovens transitam, em que as crianças e os adolescentes têm direitos. E eu acho
que é nessa história das nossas crianças e dos nossos adolescentes que se
inscreve o Colégio Rosário.
Eu queria cumprimentar, em especial, os
professores do Colégio Rosário, porque eu sou professora. A minha caminhada é
na rede pública, mas eu já fui professora do Colégio Sévigné e eu sei o que
significa o desafio de estar todos os dias na frente de um grupo de alunos, de
superar-se ao refletir o conhecimento, ao organizar a mediação do
ensino/aprendizagem, de estar-se desafiando em dialogar com os jovens, que são
cada vez mais exigentes. E mais, nesse mundo em que a questão salarial, a
questão do desemprego é grave, em que a situação das escolas particulares é
grave, não é fácil ser professor, continuar imantando, sendo exemplo e estando
à frente na área da Educação.
Eu queria cumprimentá-los, porque eu
tenho certeza de que – e falo à Direção – o Colégio Rosário não prescinde de
professores da mais alta qualidade para poder ter o nome que tem e ter a vida
que tem.
Eu queria também cumprimentar o Rosário por ser uma
instituição educacional que faz parte da grande obra marista. Nesse sentido, eu
quero aqui marcar a presença do Irmão Jaime, porque eu estou certa de que – e
aí cumprimentando os alunos – a formação desenvolvida no Colégio Rosário tem
vínculos, tem relação com a ação social que a Congregação Marista faz nesta
Cidade, e que eu conheço de perto lá na Zona Norte, através do Cesmar, através
das creches comunitárias, através da ação, Irmão Jaime, que vocês têm nas
ilhas, e que é muito importante.
Eu afirmo que a formação desses jovens é uma formação que
leva em conta a necessária solidariedade, a necessária percepção da
desigualdade e a necessária luta de todos nós pela inclusão social, que também
é marca do processo marista.
Nós estamos muito felizes com essa história do Rosário.
Queríamos cumprimentá-los, desejar longa vida ao Colégio, e dizer que a Câmara
está muito honrada, porque esta tarde é a tarde da Educação. Queremos dizer aos
jovens e aos professores que, deste lado, nós temos educadores de alfabetização
de adultos, e que, na seqüência, nós vamos comemorar sete anos do Mova, que
está numa outra ponta da caminhada, proporcionando alfabetização a quem ainda
não se alfabetizou. Isso é o que torna a nossa Cidade uma cidade de esperança e
boa de se viver. Parabéns a todos que são parte dessa obra. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói
Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em
Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Wilton Araújo.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Exmo Presidente da Câmara de
Vereadores, Ver. Elói Guimarães; Irmão Firmino Biazus, Diretor do Colégio
Marista Nossa Senhora do Rosário; Prof. Hilário Bassotto, Vice-Diretor do
Colégio Rosário; Sr. Roberto Anele e Exma esposa, representando
neste ato a Apamecor; Profª Vanessa Kopp, do Centro Rosariense de Professores e
Funcionários; aluna Luzia Azevedo Mendes, Presidente do Grêmio Estudantil
Rosariense; Irmão Vinícius Malfatti, Assessor da Jumar - Juventude Marista;
membros do Conselho Diretor, Coordenadores de Ensino e de Setores do Colégio
Marista Nossa Senhora do Rosário; Irmão Joadir Foresti, Superior da Comunidade
Marista; Irmão Jaime Biazuz, nosso grande líder comunitário e Coordenador das
Obras Sociais Maristas; Irmão Lauro Francisco Hochscheidt, Vice Provincial da
Província Marista no Rio Grande do Sul; Irmão Solimar dos Santos Amaro, Diretor
Adjunto do Hospital São Lucas; Irmão Elto Puhl, Coordenador do Vídeo-Maris;
ilustre amigo, pai do nosso querido Ver. Beto Moesch, ex-Deputado Federal Guido
Moesch; autoridades presentes, alunos, professores, pais dos alunos e amigos do
Colégio Rosário, quero, inicialmente, agradecer ao Ver. Wilton Araújo pela
cedência do tempo, e, especialmente, cumprimentar os ilustres Vereadores Beto
Moesch – meu Líder de Bancada – e Haroldo de Souza, proponentes desta
importante homenagem. Obrigado, Vereadores, pela sensibilidade de V. Exas. e
por estarem agradecendo os serviços em Educação que o Colégio vem prestando há
100 anos à comunidade do Rio Grande do Sul.
Senhoras e senhores, o que aconteceria no
Brasil se, de uma hora para outra, por alguma razão qualquer, a Igreja
resolvesse fechar as portas de todos os seus estabelecimentos de ensino,
estabelecimentos hospitalares e estabelecimentos de assistência social, meu
querido Irmão Jaime? Certamente, senhoras e senhores, seria o caos. Nesses
campos de serviços que tão bem a Igreja Católica administra e orienta, graças a
Deus - e graças a Deus -, tal
hipótese não passa de um mero exercício de imaginação, pois nunca a Igreja
Católica irá abandonar esse povo sofrido, como tem sempre demonstrado ao longo
dos últimos dois mil anos no mundo todo e nos últimos 500 anos acompanhando a
história do Brasil.
Um exemplo bem significativo desse
trabalho da Igreja Católica é o Colégio Rosário, o qual hoje estamos
homenageando pelos 100 anos de serviços prestados. E hoje a Câmara Municipal de
Porto Alegre, aqui, está agradecendo por esses serviços, especialmente pela
qualidade de ensino, qualidade das relações interpessoais, integração com o
Centro de Pais e Mestres, professores, funcionários e com o Grêmio Estudantil;
agradecendo pelas suas imensas obras sociais, pelo Centro Social Marista, pelo
grande trabalho de solidariedade desenvolvido nas ilhas, nas creches, na
instituição das escolas de ensino supletivo do Colégio Assunção, tão bem
dirigido pelo Irmão Pedro Oste; pelo trabalho da obra social Irmão Donato,
especialmente na área da saúde; pela formação de líderes; pela modernidade do
ensino lá ministrado, com equipamentos sofisticados e atualizados; pelo
aperfeiçoamento dos professores e formação integral da pessoa, do aluno,
visando sempre àquela orientação cristã, àquela missão, como tão bem falou o
Ver. Beto Moesch, que é evangelizar por meio da educação.
Muito obrigado comunidade rosariense,
muito obrigado Irmãos Maristas por esse trabalho de construção de um mundo
melhor, porque trabalhando na educação nós estamos visando a um mundo melhor, a
esse mesmo mundo que Deus nos deixou para que nós cumpramos com a nossa missão
de melhorá-lo. Parabéns! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Isaac Ainhorn
está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Aldacir
Oliboni.
O
SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Eu fiz questão de saudar e homenagear o Colégio Rosário, e agradeço ao Ver.
Aldacir Oliboni que me cedeu o tempo a fim de que eu pudesse manifestar-me
nesta oportunidade, até porque, curiosamente, normalmente a gente comparece a
esta tribuna para homenagear o colégio em que a gente estudou. Mas estou
homenageando o Rosário, porque existiam duas verdadeiras instituições escolares
- sem demérito às demais - na cidade de Porto Alegre: o Colégio Rosário, ao
qual hoje nós prestamos homenagem por ocasião do seu centenário, saudando os
representantes da sua Direção, do corpo docente e de alunos da instituição; e o
Júlio de Castilhos - eu estudei no Júlio de Castilhos. Não que os outros alunos
não passassem no vestibular - nos difíceis e disputados vestibulares da
Universidade Federal - é que o normal era que passassem os alunos do Júlio de
Castilhos e do Rosário. Até o Anchieta, como diríamos na gíria usada próximo do
Colégio Rosário, ciscava um pouco, Ver. Gerson Almeida.
O Rosário e o Júlio de Castilhos - um,
instituição privada; o outro, instituição pública - brilhavam também nas
atividades esportivas, já que os
Irmãos Maristas sempre seguiram o adágio latino mens sana in corpore sano. E, eu tenho assim, nos meus orgulhos, de
ter sido um bom aluno de latim - infelizmente o latim foi retirado dos
currículos normais das escolas de segundo grau. Faço votos de que um dia
retorne, pois seria uma autocrítica, na prática, em relação à importância que
tem o latim na formação e na compreensão da língua portuguesa, da etimologia
das palavras, na compreensão e no desenvolvimento do raciocínio.
E o Colégio Rosário - Ver. Beto Moesch,
V. Exª tem no seu pai o homem que cultuou e acompanhou toda essa tradição
histórica dos colégios religiosos católicos da nossa Cidade, e que tanta
formação tiveram - é uma escola democrática. Eu até já debati publicamente com
um ex-aluno daquela instituição, o jornalista Flávio Alcaraz Gomes, sobre o
Colégio Rosário.
E os senhores sabem que,
tradicionalmente, mesmo na situação de imigrantes e pobres, quando aqui
chegaram há 40, 50, 60 anos, os pais de famílias judaicas faziam questão de
escolher boas escolas para seus filhos, e aqueles que tinham um pouquinho mais,
colocavam no Colégio Rosário, porque ele era – e é – referência do ponto de
vista da educação ministrada. E isso é fato: tenho sobrinhos aprovados pela
Universidade Federal, oriundos do segundo grau do Colégio Rosário - essa é a
referência maior!
Nós temos de harmonizar e compatibilizar
um bom ensino particular e público, convivendo os dois. Eu sou filho da escola
pública, onde sempre estudei, pois não pude estudar em escola particular; mas
não devemos nada a ninguém. Mas uma boa escola particular compatibiliza esse
extraordinário processo educacional existente em Porto Alegre, e me honra até
pela responsabilidade que temos, porque eu presido a Comissão de Educação desta
Casa.
E quero dizer, por derradeiro: temos de
revisar alguns conceitos que se pretendem críticos e avançados, mas que são os
mais conservadores e reacionários, como esses dessa escola aí, em que essas
mentes que se dizem avançadas criaram o tal do estudo por ciclos. Isso tem de
ser revisado, urgentemente! Não é mais possível trabalhar com isso! A criança
tem de estudar, ser aprovada - Verª Sofia Cavedon! -, tem de ser aprovada e não
ser empurrada. Isso vai ensejar evasão escolar, Vereadora, e perda da qualidade
do ensino. E nós vamos criar uma juventude frágil! Os povos que cresceram foram
aqueles que alicerçaram as suas convicções e os seus conteúdos nos processos
educacionais.
Eu lembro quando votaram, aqui,
"aprovar automaticamente os alunos", na Lei Orgânica; eu votei
contra. E tenho sido um crítico da escola por ciclos.
Concluo, fazendo esta homenagem especial,
hoje, quando o Ver. Beto Moesch e o Ver. Haroldo de Souza têm a iniciativa de
prestigiar e homenagear uma das mais caras instituições educacionais do nosso
Estado, da qual nós nos orgulhamos e a quem desejamos vida longa, pelo seu
trabalho, pela sua dedicação, pelo seu empenho. Escola democrática: lá dentro,
alguns anos atrás, fizemos um trabalho extraordinário de segurança dos
escolares - preocupação que era do Colégio Rosário. O Colégio abriu as suas
portas para desenvolvermos, lá dentro, um trabalho para esta Casa, a Câmara
Municipal, e uma cartilha sobre segurança, oriunda de um trabalho com o empenho
do Colégio Rosário. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Casa se fez
representar por todas as Bancadas, bem como pelos proponentes, o Ver. Haroldo
de Souza e o Ver. Beto Moesch.
Passamos a palavra ao homenageado, o
Colégio Rosário, na figura do Irmão Firmino Biazus, que muito honra esta Casa
com a sua presença. O Professor Irmão Firmino Biazus está com a palavra.
O
SR. FIRMINO BIAZUS: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Aqui é a Casa em que a voz do povo se faz ouvir. Foi o que nós
presenciamos ainda há pouco, antes de começar esta homenagem, não só
diretamente, mas através dos seus representantes, os Srs. Vereadores.
Hoje, como cidadão, graças ao Ver.
Haroldo de Souza e do ex-Deputado Guido Moesch, e com a anuência do Sr.
Presidente da Mesa, também posso falar nesta tribuna, embora a homenagem seja
aos que compuseram e construíram a história do Colégio Marista Rosário, pela
passagem do seu Centenário.
Não venho, aqui, falar dessa respeitada
instituição, porque por mais que a gente diga dos seus 100 anos de história não
se dirá nunca tudo o que é o Rosário e tudo o que lá aconteceu na sua história
de educação de Porto Alegre, do Estado e do Brasil.
Hoje, venho falar da Escola, mais ou
menos na linha do que a Verª Sofia Cavedon falou - uma breve reflexão. Não
tenho autorização de nenhuma escola para falar dessa maneira, mas é uma
reflexão que eu faço como educador do Colégio Marista Rosário, onde a gente
procura educar cidadãos honrados para esta Pátria.
Chamei a minha reflexão de: “O grito da
escola”. O papel principal da escola é ensinar a ler, escrever e contar, como
recursos para o saber pensar e conviver. Enquanto a família e a sociedade
tinham um certo padrão de valores e de comportamento, a escola cumpriu o seu
papel ao agrado de quase todos. Hoje, parece que não mais consegue cumprir sua
missão de ministrar um mínimo de conhecimentos para a formação de um cidadão
honrado. O que teria acontecido com a escola? Quem mudou? Quem falhou?
Estudantes nossos comparecem perante bancas internacionais para provar sua
competência como leitura e ficam reprovados; o professor não ensinou. Fazem
provas de matemática com alunos de outros países e ficam nos últimos lugares; a
escola ensinou e o aluno não aprendeu. E se dissermos que não é o aluno nem o
professor que ficaram reprovados, mas os legisladores, estaríamos, acaso,
dizendo alguma inverdade? Alguns segmentos da sociedade não conseguem ultrapassar
as portas da universidade; o legislador, numa solução parecida com a de
Salomão, derruba a porta.
Nos últimos 50 anos, a humanidade teve
mais progresso e mudanças do que em todo o resto da sua história. A escola não
acompanhou a velocidade desses avanços e por isso está sofrendo as suas
conseqüências. Muitos desses avanços, talvez com boas intenções dos
legisladores, foram parar no estuário da escola para serem passados aos alunos.
Alguns anos atrás, a físico-química era
apenas uma nota ao pé da página; hoje, ocupa várias centenas de páginas dos
livros. A genética eram apenas as leis de Mendel; hoje, ela forma tratados à
parte.
Foi bom que a ciência avançasse, mas não
foi bom que a escola tivesse sozinha de arcar com o dever de transmitir à
geração seguinte toda essa carga de ciência. A escola se tornou um lugar de
ensinar tudo o que a sociedade conquistou e precisa saber ou que por sua
omissão deixou de ensinar. O trânsito vai mal e mata; a escola precisa ensinar
os alunos como serem prudentes no trânsito. Alguém se deu conta de que nossa
cultura contém um grande percentual de etnia africana? O aluno precisa
assimilar essa lacuna. A sociedade permissiva tem excesso de adolescentes
grávidas, e a AIDS se propaga, desenfreada; a escola deve ensinar ao jovem como
fazer sexo seguro e como se proteger. Algum
sociólogo por aí precisa valorizar seu diploma, o jeito é introduzir Sociologia
no currículo escolar. As drogas estão fazendo estragos entre os jovens; a
escola deve mostrar tais malefícios, ensinar aos jovens como não ingerir álcool
no final de semana. Dessa forma, graças aos legisladores, a escola se
transformou num absurdo amontoado de coisas boas e santas; com efeito muito
mais estressante do que educativo.
Livros, palestras, congressos têm como
tema principal os limites, como a família não os impõe, e a sociedade dá mau
exemplo, a escola precisa estabelecer limites para que haja ambiente para as
aulas e para que haja menos cidadãos delinqüentes.
Isso tudo nem é o pior. Conforme
estudiosos, a falta de valores ou a sua inexistência na família e na sociedade
provoca nas pessoas, sobretudo no adolescente, um vazio existencial, tendo como
conseqüência a depressão, que psicólogos e psiquiatras procuram minimizar com
antidepressivos.
Nas salas de aula de hoje quase um terço
dos alunos está sujeito a tratamentos especiais, que alguém já chamou de
“geração ritalina”. Todos hão de convir que tudo isso arma um clima muito
difícil de ser administrado por um professor que não é nem psicólogo nem
médico. Não bastasse, além de tudo isso, há um clima de medo instaurado em cada
coração. Medo de ir à rua e ser assaltado e insegurança de estar em casa. Até o
padre, no final da missa, avisa os fiéis que, ao sair da Igreja, cuidem-se com
os assaltos. O aluno chega perto da escola e vê seguranças de prontidão; ao
entrar tem de provar que é ele e não outro. E, uma vez dentro, por solicitação
dos pais, em cada corredor, há câmeras para dar-lhes uma certa tranqüilidade.
Tudo isso gera tensão, conflitos e agressões por parte dos alunos e, às vezes,
dos professores.
É "O grito da escola" que se
tornou refém da falta de escola de alguns legisladores ou de outros interesses.
Está ficando claro por que a escola já não consegue mais cumprir a sua missão.
Nesse clima está o professor, que não tem tempo de ensinar tudo; está o aluno
que não tem nem tempo nem condições para assimilar o conteúdo que todos exigem
que um dê e que o outro aprenda. Isso gera ansiedade no professor e no aluno.
Toda tecnologia atual que está ao alcance
de todos acentua profundamente o individualismo e muito pouco o comunitário.
Hoje há mais recursos para acessar as fontes do saber, mas isso não significa
que haja melhor ambiente e melhores condições pessoais para pensar, para
aprender e, sobretudo, para conviver. Por isso o adolescente de hoje sabe muito
bem como lidar com a máquina, mas está muito pouco afeito a lidar com as
pessoas que até ama como usa a máquina: agride quando estraga a máquina e
rejeita e mata como joga fora a máquina. A ausência dos pais e o uso da máquina
individualizante que é a nossa tecnologia, tornaram o adolescente tão carente
de afeto que ele já não sabe mais se vai à escola para pedir colo ou se vai
para aprender. A escola, consciente dessa carência, precisa de muito mais tempo
para fazer, com esse adolescente, coisas extremamente afetivas, mais do que
extremamente úteis como seja ensinar, e, não só úteis, mas sobretudo belas para
a vida. Esse tempo, que sempre foi da família, agora é exigido da escola que
precisa catá-lo em detrimento do tempo de ensinar.
A escola está entulhada de coisas que os
professores são pressionados a ensinar a alunos que chegam à escola estressados
por uma realidade social doentia e omissa. Não são os alunos nem os professores
que deveriam fazer provões, mas a sociedade e os legisladores que até podem ter
boas intenções, mas pouco dotados de sensibilidade pedagógica e, até diria,
pouco conhecimento da realidade social em que a escola está imersa. É a
pedagogia dos oprimidos: o professor e o aluno.
Os mesmos legisladores, para concluir,
que autorizam o funcionamento da escola também autorizam canais de comunicação
social. Muitas vezes e muitas coisas que sobrecarregam a escola podem muito bem
ser ensinadas com muito mais proveito e melhores condições de recursos pela
televisão, mas não em horários impossíveis da madrugada ou noite avançada. Os
horários nobres deveriam também ser ocupados para a formação do cidadão e não
só para ensinar nulidades e contra-valores. É o grito mudo da escola trancado
na garganta do aluno e do professor que, emaranhados pela complexidade do
dia-a-dia, não têm tempo sequer de pensar nesse paradoxo agonizante que é
chamado escola.
Sr. Presidente, Elói Guimarães,
Vereadores Haroldo de Souza, Beto Moesch, demais Vereadores que aqui compareceram
para falar do Colégio Rosário, o nosso muito obrigado. E podem estar certos de
que o Rosário continuará a sua história de 100 anos a ensinar lições para toda
a vida, porque o Colégio nunca vendeu produtos, coisas, mas sempre vendeu
sonhos. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O grupo musical e
vocal de jovens do Colégio Rosário, sob a coordenação e regência da Professora
Helena, executará o Hino do Colégio Rosário.
(Executa-se o Hino do Colégio Rosário.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos agradecer
ao grupo vocal e passar a palavra ao Irmão Firmino Biazus para que ele
manifeste o desejo de homenagem do Colégio à Casa.
O
SR. FIRMINO BIAZUS: Nós queremos homenagear, em primeiro
lugar, o Sr. Presidente da Câmara, Ver. Elói Guimarães, dando um kit do nosso
Centenário, entregue pelo Professor Hilário Bassotto.
(Procede à entrega do kit.) (Palmas.)
Também queremos homenagear os proponentes
desta homenagem, Vereadores Haroldo de Souza e Beto Moesch. O Professor Hilário
Bassotto irá fazer a entrega de um kit do Centenário.
(Procede-se à entrega do kit.) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Cumpridas as
formalidades próprias desta homenagem, agradecemos aos Vereadores proponentes,
Haroldo de Souza e Beto Moesch, também aos professores, mestres, professoras,
alunos, ao grupo vocal e, em especial, ao Irmão Firmino Biazus e ao Professor
Vice-Diretor Hilário Bassotto. Queremos, rapidamente, dizer da importância do
ato e dizer também que a Câmara, representante que é da população da cidade de
Porto Alegre, sente-se homenageada, Irmão Biazus, em face do que representa o
Colégio Rosário para a história educacional do Estado. Em um século pelas mãos
do Rosário - mãos sagradas e santas - passaram gerações e gerações que ajudaram
a construir o nosso Estado, a Educação, enfim, os mais diferentes setores do
nosso Estado.
Então, foi um grande momento quando a
Casa teve a oportunidade aqui de consignar para os seus Anais, e para a
história, a homenagem ao centenário dessa grande Escola, o nosso Colégio
Rosário.
Suspendo por um minuto a presente Sessão
para os cumprimentos aos professores e Diretores da escola.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h04min.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 16h09min): Estão
reabertos os trabalhos.
Em votação Requerimento, de autoria da
Verª Sofia Cavedon, solicitando a inversão da ordem dos períodos da Sessão.
Solicita que passemos, imediatamente, ao período de Grande Expediente. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO o Requerimento.
Passamos ao
Hoje, período destinado a homenagear o
Movimento de Alfabetização de Adultos - Mova -, proposto pela Verª Sofia
Cavedon.
Compõem a Mesa a Professora Sônia Pilla, Secretária Adjunta
de Educação Municipal; Professor Paulo Renato Cardoso Soares, Coordenador do
Mova; Srª Bárbara Bueno Machado, Educadora da Região Leste; Srª Eva Eni Martins
da Silva, Educadora da Região Sul; Srª Josina Marcolina, Educadora da Região
Oeste.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra
em Grande Expediente.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Nós propusemos à Câmara de
Vereadores, ao conjunto de Vereadores, e foi aprovado, por unanimidade, marcar
também aqui na Câmara de Vereadores os sete anos do Mova, porque o Movimento de
Alfabetização nasceu da vontade política, nasceu da necessidade que esta Cidade
percebia de fazer um grande movimento militante para alfabetização de adultos,
mas também nasceu na forma de uma Lei aprovada na Câmara de Vereadores.
O Mova nasceu a partir de uma caminhada,
não de uma forma aventureira, mas a partir de uma caminhada da educação de
adultos que iniciava em 89, através do Seja – Serviço de Educação de Jovens e
Adultos.
O Seja, nas Escolas Municipais, tinha o
mesmo objetivo do Mova, que era oferecer a educação tardiamente para quem não
tinha tido oportunidade, tinha fracassado ou tinha sido expulso da escola na
idade equivalente a da educação básica. Mas o Seja era na escola, dentro da
escola formal, que muitas vezes significa uma barreira grande para quem já não
pôde se alfabetizar quando era pequeno, para quem a escola já assusta - o
professor, o fato de ter de se deslocar para longe de casa -, e o Seja, que
vinha fazendo um esforço de oferta e de garantia de direito à educação, nos
trouxe a reflexão de que era importante criar um movimento militante de
alfabetização.
Então, em Porto Alegre, o Mova não é uma
aventura, o Mova é uma necessidade, ele nasce de um compromisso que esta Cidade
já vivia naquela primeira gestão da Administração Popular, de emancipação, de
instigação - o instigamento à cidadania - de possibilitar a educação e a
participação a todos os moradores desta Cidade. E o Mova nasce com esse
compromisso; o Mova nasce com compromisso não de ir lá alfabetizar e dar as
costas e ir embora, com tempo marcado para fazer isso, como um cursinho que se
oferece para ensinar algum ofício, porque o Mova nasce e se nutre da educação
popular, dessa construção da educação de adultos, do nosso querido Paulo
Freire. O Mova nasce da idéia de que, para aprender a ler, primeiro nós
precisamos ler o mundo. Aprendemos que a alfabetização e a educação não são
neutras, que a educação tem de servir para a compreensão do mundo, para a
transformação do mundo; a educação tem de servir para mudar a vida. E o Mova
nasce, portanto, imbricado, comprometido e tendo que se desenvolver, se criar e
se alimentar lá, junto das pessoas, junto à comunidade mais pobre, junto à associação
de moradores. Nasce com um símbolo, o símbolo da borboleta, que fica aquele
tempo no casulo e, quando se liberta, aparece linda, colorida, voa, alça
espaços maiores.
O símbolo da borboleta é o símbolo do
compromisso que o Mova tem, que é o compromisso de ajudar a voar, ajudar a
enxergar, ajudar a caminhar mais longe do que as pessoas caminharam até então,
sem saber ler e escrever. Por isso o Mova é uma parte linda da história de
Porto Alegre, e o Mova é feito pelas suas gentes. Há pouco, homenageávamos uma
escola onde há uma educação formal, onde o certificado de professor
pós-graduado é uma das condições essenciais. E o Mova faz aquela educação
básica, que é extremamente delicada e que, se a gente não consegue fazê-la,
ocasiona um bloqueio e o nosso aluno não vai aprender a ler e escrever.
Portanto, ele exige muito conhecimento. Só que o Mova não precisa dos diplomas,
porque a formação é feita no processo, e o educador do Mova necessita ter, em
primeiro lugar, esse compromisso com a educação popular, essa capacidade de
diálogo com o aluno e com a aluna, essa capacidade de enxergar, de ouvir, de
compreender a necessidade, de falar a linguagem do aluno, de desmanchar os
medos, de conseguir estimular o tempo inteiro. O principal diploma do Mova é o
mais difícil de se adquirir: é essa profunda marca da educação popular. E isso
é que é o bonito e o emocionante do Mova. Esse lindo processo de sete anos
sempre volta para a educação popular, porque esse é o jeito que a gente
encontrou e é o jeito de sucesso de construir conhecimento, de mobilizar para a
alfabetização.
Eu queria, Secretária Sônia Pilla, marcar
esse jeito e esse compromisso de alfabetizar através do Mova, que já faz
história no País. O Mova veio para ficar. O Mova não termina em três meses e
nem em um ano, porque às vezes as pessoas não se alfabetizam num ano. Às vezes,
as pessoas constroem lentamente; os nossos alunos superam barreiras
importantes, não enxergam direito, têm a família para tocar, têm um trabalho
irregular, e, quando conseguem um trabalho, falta tempo, têm horários difíceis.
O Mova dialoga com isso e é persistente. O Mova – e aí o nosso reconhecimento à
Secretaria da Educação – dialoga com a cultura, com os outros aspectos da vida
desse ser humano que está na nossa frente, com a necessidade das mulheres,
discute a questão de gênero, dialoga com a necessidade da sobrevivência; a
marca mais recente do Mova é a economia solidária. Quero registrar a homenagem
aos alunos, pois, além de superarem essas barreiras, eles ensinam e aprendem,
ajudam uns aos outros, ensinam o seu saber, e, através de ensinar o seu saber,
do que eles sabem fazer e do que eles descobrem, eles vão, juntos, aprendendo a
ler e a escrever e vão mudando a vida.
O Mova é uma caminhada que tem sentido,
porque ela é uma grande rede coletiva, uma rede de solidariedade; o Mova é
movimento de verdade, os alunos educadores estão sempre se movimentando na
Cidade; são inúmeras as reuniões de formação, quer dizer, não tem o diploma,
mas tem a formação semanal, a reflexão semanal dos educadores, e as inúmeras
reuniões e seminários que os educadores fazem com os alunos na sua região, em
que chamam a comunidade, em que discutem na sua associação. Quer dizer, onde o
Mova chega, muda a vida; o Mova muda a vida das pessoas e muda a vida da
comunidade. A associação de moradores, o clube de mães, a entidade que adota o
Mova nunca mais será a mesma: é uma entidade mais forte, que une a sua
comunidade, que se fortalece e participa das outras instâncias da Cidade.
Portanto, o Mova é o que assume
plenamente essa vontade política e esse processo em curso nesta Cidade, de
transformação da sociedade, de construção de qualidade de vida, de construção
de direitos humanos, de construção de perspectiva de vida.
Essa é a nossa alegria de estar
homenageando o Mova. E como eu comecei a dizer na homenagem ao Rosário, tenho a
certeza de que o Mova, como as outras políticas educacionais, fazem parte dessa
bela conquista de a cidade de Porto Alegre ser uma cidade de futuro, de a
cidade de Porto Alegre ser um lugar de expectativa. Ouvíamos o discurso do
Diretor do Colégio Rosário, que era tão pessimista na análise da realidade dos
jovens, e a gente tem a alegria de ter outra análise, ou seja, de ter em Porto
Alegre a efervescência, em cada cantinho da Cidade, de grupos de alfabetização
que estão construindo perspectivas diferentes, perspectivas de solidariedade e
de transformação social. Que bom que a nossa Cidade tem essa vida forte do
Mova, essa vivência de solidariedade, que tem muito a ensinar para o conjunto
de outros moradores.
Parabéns a vocês todos que estão aqui,
que são autores dessa bela caminhada. O Mova veio para ficar, o Mova veio para
transformar. Parabéns para todos vocês. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Um abraço especial à Verª Sofia
Cavedon, que teve esta brilhante iniciativa de homenagear o Mova.
Eu iniciei a minha participação política
no início da década de 60, quando, no Brasil, a luta pelas reformas de base
empolgava o nosso povo, que buscava construir uma Nação soberana, mais justa e
mais democrática. Naquela ocasião, o método Paulo Freire, que buscava aproximar
a alfabetização da vida real do nosso povo, de forma palpável, e me lembro que
se dizia, lá no Nordeste, que o caboclo tinha de aprender a escrever dizendo:
“Ivo viu a uva”, mas o caboclo nem sabia o que era uva. Nem havia uva lá. Nessa
educação tão distante do nosso trabalhador, do nosso cidadão, esse método Paulo
Freire era considerado, Ver. Guilherme Barbosa, uma subversão muito perigosa.
Aquele momento era uma referência para todos aqueles que queriam enfrentar e
superar o analfabetismo de milhões de brasileiros, oprimidos pela sua
incapacidade de dominar algo que a humanidade criou em milênios anteriores, que
foi a escrita, e que foi, também, a própria Matemática, que surgiu da
necessidade social, não surgiu da cabeça de ninguém. Era, também, o momento em
que, em Cuba, os trabalhadores acabavam de conquistar o poder, em 1959, e as
brigadas de revolucionários percorriam os mais longínquos cantões de Cuba, que
havia sido um bordel norte-americano, levando o conhecimento e as letras a
milhões de cubanos. Aliás, Cuba tem uma educação extremamente avançada, em que
o analfabetismo já foi erradicado há muitos anos, e deve servir de exemplo para
nós. Era o momento em que a UNE Volante, Ver. Sofia, percorria o Brasil levando
a cultura, levando o conhecimento e a rebeldia para o nosso povo. Infelizmente,
tivemos de amargar 21 anos de regime militar, de falta de liberdade, de
simplesmente considerar a alfabetização nesses moldes, como algo perigoso à
ordem social.
Felizmente, depois desse período de
chumbo, de penumbra, o nosso povo, com muita luta, conquistou novamente a
liberdade, reconquistou uma democracia ainda limitada, mas que nos deu espaços
muito importantes. E às vezes eu vejo, Ver. Elói, V. Exª que foi um dos
lutadores desse período, alguns saudosistas da ditadura no nosso País.
Mas nesse processo, também Porto Alegre, há 16 anos, trilha
uma nova fase, uma fase de democracia na Cidade, de participação popular, não
só com o Orçamento Participativo, mas com a participação popular nos Conselhos
Municipais, participação popular nas conferências municipais, participação
popular nos congressos da Cidade, na escolha dos seus investimentos, e, também,
participação popular no processo da própria alfabetização.
Eu diria que o Mova - Movimento de
Alfabetização - é um desses espaços de participação popular, em que a própria
comunidade indica monitores, alfabetizadores, e, nessa ligação radical, na raiz
com o seu povo, procura avançar na nossa Cidade, que hoje tem cerca de 3,3% de
analfabetos. Ainda é muito para todos nós, que somos, evidentemente, indignados
com essa situação de que haja um brasileiro não tenha capacidade de se
apropriar do saber via o conhecimento da escrita, da leitura e assim por
diante. Mas, evidentemente, que esse já é um índice extremamente reduzido, se
considerarmos os enormes índices de analfabetismo que o nosso Brasil ainda
sofre.
Por tudo isso, o Mova, e também o
trabalho através do Seja, que tem uma interface, merece a homenagem desta Casa,
muito bem sugerida pela Verª Sofia Cavedon, aprovada pela unanimidade da Casa.
Eu creio que nós não estamos somente, através desse
trabalho, alfabetizando, e recordo, aqui, da poesia do comunista alemão Bertold
Brecht chamada "O Analfabeto Político", pois quando nós alfabetizamos,
Verª Sofia, também estamos forjando cidadãos, ainda que o analfabeto possa
votar no dia de hoje, e foi uma conquista da luta do nosso povo contra o regime
militar. Mas eu acho que mais do que isso, através de programas como o Seja e
como o Mova, nós estamos alfabetizando também politicamente, não no sentido
menor, político-partidário, mas no sentido da visão da sociedade, da visão do
papel de cada um de nós nessa transformação.
Então, para concluir, porque o tempo é inexorável e o meu
Presidente certamente usará da sua rigidez necessária nesta Casa, eu queria, já
que eu não decorei a poesia "O Analfabeto Político", passar pelo
menos a idéia geral, pois eu acho que é um ensinamento muito grande de Bertold
Brecht para nós. Ele diz mais ou menos o seguinte: O analfabeto político se
orgulha de não entender nada da política. Diz que tem nojo dos políticos. Não
sabe o imbecil que o pão que falta na sua mesa, depende da política; que a
habitação que falta para a sua família, depende da política; que a educação que
seus filhos não têm, depende da política; que a saúde que lhes falta, depende
da política; e pior de tudo, do seu analfabetismo político nasce o político
pilantra, o vende-pátria e corrupto.
Por isso, uma longa vida ao Mova e ao
Seja, que estão alfabetizando cidadãos, para que mais dia, menos dia
transformemos este mundo, porque outro mundo é possível; que transformemos este
Brasil e construamos uma Pátria democrática, soberana, justa e, se depender da
minha vontade, Verª Sofia, um dia também socialista. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Guilherme
Barbosa está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo da Verª
Sofia Cavedon.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu quero dizer da minha satisfação
de falar. Eu estava preparado para um outro tema, mas acho que esse assunto é
por demais importante, e aqui fala também um professor. Eu - em outro nível, é
verdade, outra forma de atuação, sou professor da Unisinos - tenho um respeito
enorme, uma admiração tremenda pelas pessoas, meus colegas, que trabalham com
crianças e que também trabalham com pessoas analfabetas de todas as idades.
Porque um adulto que aprende a ler e a escrever, um adulto que se torna
alfabetizado, é como se a pessoa nascesse de novo. A pessoa começa a viver num
mundo diferente, completamente diferente daquele mundo em que ela vivia antes,
porque tem acesso a várias outras possibilidades, a grande possibilidade da
leitura do jornal, da revista, além do fato de ir ao cinema com legenda, porque
antes não havia essa possibilidade.
Então, um mundo diferente realmente
acontece para a pessoa que vem a ser alfabetizada, principalmente para os
adultos. E claro, esse ensino não pode ser igual a um ensino formal para uma
criança, que tem toda uma outra técnica de aprendizado e de crescimento. É um
ensino completamente diferente, e aqui já foi destacado isso, porque é uma
realidade diferente, são pessoas que trabalham, são pessoas que têm a sua casa,
a sua residência, numa dificuldade enorme de comparecer às aulas porque
precisam cuidar, muitas vezes, da sua vida que também é dura. E a gente, ao
mesmo tempo, em que comemoramos esses sete anos do Mova, esperamos, Verª Sofia,
que o Mova, daqui a um tempo, não seja mais preciso, porque vai significar que
as nossas escolas teriam a possibilidade de atender a todas as crianças e, ao
mesmo tempo, as pessoas teriam a possibilidade de estar na escola na idade mais
importante em que elas precisam da escola, inicialmente na sua infância e na
sua adolescência.
Então, a gente comemora a existência do
Mova, queremos que continue, porque já temos, em Porto Alegre, um índice -
talvez o mais baixo das capitais do Brasil - de apenas 3% de analfabetos
adultos. Mas, ao mesmo tempo, queremos que esse índice seja cada vez menor e
que depois o Mova não seja mais necessário, porque a gente quer que todos os
nossos adultos, no futuro, já estejam alfabetizados.
Venho, com muita alegria e muita energia,
transmitir um abraço a vocês, à nossa Secretaria que tem levado adiante esse
trabalho e dizer que eu tenho o maior respeito, como já disse, por ser
professor e saber da dificuldade que é essa atividade. Portanto, quero deixar o
meu grande abraço para vocês por esse trabalho fenomenal, importantíssimo,
humano e que inclui as pessoas da nossa sociedade.
Um grande abraço e parabéns a vocês
todos! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Srª Sônia Pilla,
Secretária Adjunta de Educação Municipal, está com a palavra.
A
SRA. SÔNIA PILLA: Excelentíssimo Sr. Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, neste ato, Ver. Elói Guimarães; Prof. Paulo Renato,
Coordenador do Mova; nossas três educadoras populares. Queria cumprimentar os
Vereadores aqui presentes, muito especialmente a comunidade ligada ao Mova, que
veio assistir este ato.
Em nome da Profª Fátima, Secretária
Municipal de Educação, que se encontra em Brasília e, portanto, não pôde estar
aqui hoje, eu queria agradecer à Câmara Municipal de Porto Alegre por esta
homenagem e, em especial, à nossa Verª Sofia Cavedon. Na verdade, nós
acreditamos que é uma justa homenagem, uma homenagem necessária.
Homenagear o Mova é, antes de tudo,
homenagear os nossos educadores populares, esses que, com tanto afinco,
repartem o seu saber, o seu conhecimento, nessa busca, nessa crença de que é
possível mudar a vida das pessoas para melhor, de que é possível restituir a
dignidade às pessoas que não tiveram acesso à escola no seu tempo ideal. As
educadoras populares do Mova, por ensinar, buscam sempre aprender mais e voltam
sempre a estudar, tanto que nós temos educadoras populares que foram alunas do
Mova e hoje são professoras. E é muito importante esse ciclo do ensinar e
aprender.
Homenagear o Mova é homenagear os nossos
alunos e alunas, essa gente que, com certeza, com bastante dificuldade, mas com
coragem e com determinação, volta aos bancos escolares para poder ir em busca
de um direito seu que lhes foi sonegado. A eles, a nossa homenagem principal.
Homenagear o Mova é também homenagear os
nossos articuladores comunitários, aqueles que lá, junto da comunidade,
articulam as entidades que vão ceder dependências para as turmas do Mova, com
os alunos, com aqueles que não sabem ler nem escrever, que motivam, que
informam essa população, enfim, que tornam possível criar as condições para
essas turmas existirem. Com certeza, também nós devemos homenagear as entidades
que se dispõem a, junto com a Secretaria, tornar possível esse Projeto.
E ainda, finalmente, homenagear o Mova é
homenagear os Assessores da Secretaria e a coordenação desse trabalho
fantástico. É um trabalho que até emociona a gente. Eu queria cumprimentá-los
pela dedicação e pela competência com que têm desenvolvido esse Movimento. Com
certeza, todos esses atores que têm sido nossos parceiros nesse trabalho estão
movidos por uma dose grande de esperança, de otimismo, de crença, de que é
possível mudar a vida das pessoas para melhor, de que é possível melhorar ainda
mais a nossa Cidade, para que ela seja mais igual e mais feliz. Obrigada a
todos. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Combinou-se aqui, de
comum acordo, que as demais oradoras usarão da palavra por dois minutos. Então,
de imediato, dou a palavra à Srª Bárbara Bueno Machado.
A
SRA. BÁRBARA BUENO MACHADO: Boa-tarde. Gostaria de
homenagear hoje não só o Mova como também a coordenação do Mova, os agentes
comunitários, as assessoras e os assessores e, especialmente, os meus colegas
educadores do Mova. Eu gostaria de ler um poema: “Tema que gera.../ Tema que
gera.../ Tema que gera a dor / Dor que nos faz nascer / Dor que nos faz crescer
/ Dor que nos faz conhecer / Dor que nos faz vencer / Tema gerador / Tema que
nos aponta / Tema que nos afronta / Tema a ser vivido / Tema a ser resolvido /
Tema gerador / Tema transformador!”. Poema escrito por minha assessora Denise
F. Souto. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Srª Eva Eni Martins
da Silva está com a palavra.
A
SRA. EVA ENI MARTINS DA SILVA: Boa-tarde! Estou feliz
por participar desta homenagem ao Mova e por fazer parte, também, desse grupo.
Essa função nova, completamente nova que
o Mova trouxe para a minha vida, fez com que eu revisse valores. Quando a gente
procura o aluno, nós vemos que ele fica muito envergonhado, que ele se sente
culpado por não ter sido alfabetizado. Com isso ele se deprime, isso causa uma
série de problemas na sua vida pessoal. Quando nós trazemos esses alunos para a
sala de aula e conseguimos conversar e conviver com eles, nós resgatamos deles
não só a cidadania, o que nós achamos fundamental, claro, mas também a sua
auto-estima, e, principalmente, descobrimos um valor enorme, que, às vezes, nem
eles mesmos percebem que têm.
Eu vivenciei uma situação, junto ao meu
grupo de alunos, de uma aluna que, antes de iniciar, poderia ter sido internada
num hospital psiquiátrico, mas nós, paralelamente a isso, iniciamos as aulas e
um trabalho, e que hoje ela freqüenta as minhas aulas, está no final do
tratamento, e também está sendo alfabetizada.
Então, para nós, educadores, é tão
importante o resgate da cidadania, quanto também o resgate do emocional, o
resgate da pessoa, pois ela descobre que tem uma série de possibilidades e
consegue, com isso, dar continuidade aos seus projetos de vida. Muito obrigada.
(Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Srª Josina Marcolina
está com a palavra.
A
SRA. JOSINA MARCOLINA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Eu sei que, por intermédio desse trabalho, a gente procura
resgatar, como a Eva falou, o ser, e trabalhar isso. Há uma coisa que eu vou
ler depois, mas quero antes ressaltar que tenho muito orgulho que a nossa
ex-Secretária de Educação tenha trabalhado muito isso com a gente, junto com a
nossa Assessora Pedagógica, e é esse valor que a gente agradece a toda a Câmara
de Vereadores e a todo esse Movimento. (Lê.): “Sentimo-nos honrados e
homenageados com esta homenagem prestada pela Câmara de Vereadores de Porto
Alegre, que reconhece este Movimento de Alfabetização. Fazer parte do Movimento
nos proporciona trocas de experiências, durante o processo de aprender, fazer,
ser e conviver, valorizando os diferentes saberes” - Como já dissemos, várias
vezes, nossa amiga, companheira, ex-Secretária de Educação, Sofia, a quem
agradecemos. “Ao estarmos neste Movimento, passamos a nos reconhecer como
cidadãos de direitos, capazes de refletir e atuar como sujeitos de
transformação...", e incentivar cada aluno, a cada dia, a cada momento,
porque cada educador não trabalha só as três horas por dia, e sim mais que 30
horas, porque sonha com aquele educando se realizando, buscando os seus
direitos, é o direito da passagem, é o direito de ser reconhecido na nossa
comunidade. Esta homenagem nos deixa com muito orgulho da Região Oeste, que
forma os Bairros Glória, Cruzeiro, Cristal e Centro. Agradecemos aos nossos
educandos, que estão aqui presentes; aos educadores também, e às pessoas de
toda a nossa Porto Alegre. Com muito orgulho, agradecemos à Câmara de
Vereadores por esta homenagem. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós ouviremos, agora,
a apresentação do aluno da Região Noroeste, o Herculano Gonçalves Corrêa, que
recitará um Poema.
O
SR. HERCULANO GONÇALVES CORRÊA: Em primeiro lugar,
quero dar o meu boa-tarde para todos que estão ouvindo (Lê.): “Meu amigo se não
sabes ler/ Venha logo para cá./ Venha correndo para o Mova,/ Que o Mova vai te
ensinar./
Eu agradeço a Deus, de todo meu coração./
Que me trouxe para o Mova, para aprender minha lição./ Para mim foi muito bom
vir para o Mova,/ Aprender esta lição./
A
todos que estão me ouvindo / Que ainda não sabem ler,/ De alegria se comova./ E
venha junto comigo,/ Vamos estudar no Mova./
Meu amigo, eu te digo,/ Para ti não se
preocupar/ Que o material escolar,/
De graça o Mova te dá./
Agora eu sou feliz, de todo o meu
coração./ Porque eu vim para o Mova aprender a minha lição./ O Mova me ensinou
o que eu ainda não sabia./ Hoje eu sei ler e escrever com grande alegria".
(sic) (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos dizer
que esses versos rimados são de autoria do próprio Herculano Gonçalves Corrêa.
Bem, estamos encerrando esta solenidade
de homenagem ao Mova. Quero cumprimentar a Verª Sofia Cavedon, ex-Secretária de
Educação, por este momento importante para a Casa; agradecer à Mesa, aos seus
integrantes, às educadoras, à Secretária; cumprimentar os alfabetizadores,
alfabetizandos e alfabetizandas, que constituem esse projeto, o Mova. Quero
dizer, rapidamente, que hoje foi uma tarde – a expressão é da Verª Sofia
Cavedon – da Educação nesta Casa. Homenageamos a grande instituição que é o
Colégio Rosário, e também, essa grande instituição que é o Mova. Porque,
convenhamos, quando se tem de alfabetizar adultos, vejam bem, é que há uma
dívida com isso; as coisas não andaram bem no passado, essa é toda a verdade.
Bem, então, nós queremos encerrar esta homenagem e dizer que a Casa também se
sente homenageada; agradecemos a presença de todos os senhores de todas as
senhoras que muito honraram com suas presenças a nossa representação da Cidade,
que é a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Portanto, a todos vocês muitas e muitas
felicidades. Obrigado. (Palmas.)
O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em Grande
Expediente.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há
muito tempo que não venho à tribuna. Estranho a tribuna; sinto-me desacostumado
com o púlpito, da qual fui assíduo freqüentador, seja na Assembléia
Legislativa, seja aqui nesta Casa. Uma novidade surge no Brasil: o Ministro
Márcio Thomaz Bastos está pregando a extinção da Lei dos Crimes Hediondos? E
por que ele prega? Prega, porque não pode conter nas prisões do Brasil, os que
prende. Há 12 anos, nesta tribuna, venho apontando como uma grande falha de
todos os Governos o sistema penitenciário. Por quê? Não constituíram prisões e
celas suficientes para abrigar a população carcerária do Brasil, que precisa
ser detida, pagando pelo que fez. Os governos do Brasil precisam se convencer
de que têm de ter 800 mil celas. Várias vezes, centenas de vezes afirmei que
eram 800 mil celas, porque é 0,5% da população do País. E o Ministro Márcio
Thomaz Bastos, num passe de mágica – como um prestidigitador, um mágico barato
daqueles, o mais rápido, como é sua profissão -, proclama que nós temos de
terminar com o crime hediondo, uma conquista da sociedade. O que se pode
pretender? Punir um indivíduo que seqüestra, que corrompe a mocidade com as
drogas, um cidadão não, porque não é cidadão a pessoa que faz isso, pois não
pode ter um título de cidadão! Um seqüestrador barato, vil, que atordoa e que
vilipendia a sua vítima! O que se pretende com esse homem? Qual é a pena que
nós podemos lhe aplicar? Ah, sabem o que o Ministro quer? O Ministro quer que
isso cesse, deseja que não exista mais a incomunicabilidade do preso e que
possa ter a progressividade da pena. É o que ele pretende!
Há 350 mil presos no Brasil, mas
precisamos ter 800 mil! O que ele opina sobre a Lei dos Crimes Hediondos?
Transformá-la? Mas como, Sr. Ministro? Que intempestiva sugestão que V. Exª dá!
Era melhor ter ficado calado. Não diga nada. Fique calado! A sociedade está
completamente apavorada, vilipendiada pela criminalidade.
No Rio de Janeiro não se pode mais sair à
noite! Os morros entram em combates de balas traçantes, luminosas, que cruzam o
firmamento das noites no Rio de Janeiro. Que “cidade maravilhosa” é essa?
E o Ministro da Justiça - da Justiça - dá
como sugestão e solução para o impasse: “Modifiquem a Lei dos Crimes
Hediondos”. Latrocínio, atentado violento ao pudor, homicídio qualificado,
extorsão que resulta na morte da vítima, extorsão mediante seqüestro,
epidemias, espalhar doença intencionalmente, falsificação e adulteração de
medicamentos, corrupção e genocídio. Todos esses passam a não ser mais
considerados crimes hediondos! É esta a sugestão do Ministro!
Que Governo é esse? O Presidente da
República - acho até que teve pouca participação nessa sugestão - deveria
chamar a atenção ou pegar pela orelha o Sr. Ministro e dizer: “Mas o que é que
você tem?”. Intimamente, de uma maneira amigável, mas dizendo a ele que não
faça uma sugestão dessas, estapafúrdia, indigna de um criminalista.
Espero que o Presidente Lula tenha a
oportunidade de chamar a atenção desse Ministro sobre a inoportunidade da
modificação. Já fiz polícia; eu conheço isso. Se deixarmos a criminalidade
campear, através de penas brandas, não sei o que será do País!
Você tem de ter pulso firme, leis firmes,
leis rígidas, para poder deter a criminalidade.
Vejo aqui, no Plenário, um Delegado de
Polícia e um Comissário de Polícia que serviram comigo, que trabalharam comigo;
eles sabem muito bem, estão abanando a cabeça afirmativamente, pois foram
homens que obedeceram ao meu comando e sabem o que se pode esperar de uma
polícia frouxa, de uma polícia que não tenha uma lei que possa garanti-la.
Ora, Sr. Ministro! “Quem é você que não
sabe o que diz/ Meu Deus do céu, que palpite infeliz!” É o refrão do samba que,
no passado, dominou o Rio de Janeiro, até então, poético! A Cidade Maravilhosa
onde você sonhava viver e podia conviver, fazer turismo. Não se pode mais andar
à noite pelas calçadas de Copacabana.
E o Ministro vem reduzir penas como essa?
O que ele quer? Quer que se tenha a facilidade de não cumprir a pena integral e
que também possa ter a progressividade da pena. A pena pode ter uma recuperação
pelo comportamento do réu. Mas, não! Esses homens que praticaram esses crimes
hediondos não merecem contemplação. O povo brasileiro tem de se convencer que
não pode ter piedade para com o criminoso cruel.
Sabem o que aconteceu nos Estados Unidos,
há pouco tempo? Um tal de jornalista famoso, Mike Wallace, com 86 anos de
idade, porque parou o seu carro em fila dupla, de noite, com um motorista, foi
preso, algemado e conduzido para a delegacia.
Lá a lei se executa, a lei funciona.
Podem acusar o americano de tudo, mas que lá se cumpre a lei e a autoridade é
respeitada, isso é uma verdade. Embasbacadamente, por sugestão do Ministro
Thomaz Bastos, estamos prestes a modificar a Lei de Crimes Hediondos. E o pior
é que o Congresso é capaz de ouvi-lo e referendá-lo. E o Congresso,
subjugadamente, pode vir a aceitar essa sugestão.
Fico muito triste, pois não existe
penalização com o criminoso cruel, com aquele que tem de pagar a sua pena! Não
podemos aplicar panos quentes em cima dele, ou na fronte dele. Tem de pagar a
sua pena!
Sr. Presidente, eu fico muito triste, e talvez seja este um
dos meus últimos pronunciamentos nesta Casa, mas o que vejo, o que eu sinto
quanto ao meu País é que ele está desmoronando! Está desmoronando! Até aqui já
queimaram uma viatura policial. Quem foi? Claro que os traficantes, os
drogados. Queimaram uma viatura policial - coisa que nunca acontecera até
então. O crime não tinha topete para fazer isso. Já começou a aparecer a
primeira viatura queimada; é muita ousadia dos criminosos.
Isso é muito sério, muito grave, vejo com muita tristeza e
amargura essa sugestão do Ministro da Justiça. Pobre homem! Pobre homem, que,
como Ministro, faz uma sugestão dessas. Era melhor que tivesse ficado calado!
Calado! Não sabe o que está fazendo. Se não há prisões, construam prisões. Até
agora não existe uma prisão federal feita por Governo nenhum do Brasil! Nenhum
Governo construiu prisão federal! Andam por aí pedindo a todo o Estado que
queira: "Quem sabe você aceita uma prisão aqui?" Em Santo Antônio da
Patrulha, em Montenegro, no Nordeste, no Leste?
Retiro-me da tribuna, triste, por ver um Ministro rastejar;
intelectualmente diante do crime e dos criminosos! Ministro Márcio Thomaz!
Pobre homem! Procure, isto sim, construir presídios. É o que precisamos em todo
o território nacional.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver.
Professor Garcia.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, são
17h03min e cresce, assustadoramente, o número de Vereadores no plenário. Até há
poucos segundos nós tínhamos quatro, agora temos sete. Oito Vereadores! Gritou
mais um de lá. Eu me lembro que no ano passado eu fazia questão de aplicar o
Regimento Interno na sua integralidade quando dizia que o Grande Expediente
pode ser destinado a uma homenagem; e eu dizia isso é porque eu tenho as
primeiras letras, sem dúvida nenhuma, e sei que se algo é destinado a um
determinado fim, não pode ser diferente. E é claro que nós votamos que deve ser
destinado, e se nós votamos que deve ser destinado, nós deveríamos estar aqui
no plenário. Nós votamos para que fosse destinado, nós deveríamos comparecer
por uma questão de dignidade e de honra. Mas o que é que nós temos de fazer
hoje? Quarenta e quatro projetos na Pauta, 112 projetos na Ordem do Dia e nós
tivemos duas solenidades; e aqueles que falaram nas solenidades - aquele
plenário todo e aquela galeria toda ocupada, onde já não há mais ninguém.
Então, de repente, vai diminuindo o número, mas agora nós chegamos ao
assustador número de nove Vereadores, mas lá no painel constam vinte e cinco.
Eu penso que nós temos de tratar com
muito mais seriedade, com muito mais responsabilidade; ninguém é obrigado a ser
Vereador! Ninguém é obrigado; mas se o for, há de cumprir o Regimento Interno.
Eu não posso entender por que alguns conseguem vir no início da Sessão e ficam
até o término dela e os outros desaparecem. Será que uns são mais Vereadores do
que outros? Será que uns são menos Vereadores do que outros? Eu não posso
entender, eu não vou entender e eu acho que nós temos muito o que fazer nesta
Cidade, nós temos muitos problemas para transformar e buscar soluções, mas nós
vamos fazendo mais homenagens. E até nos projetos em Pauta há a criação de mais
dois prêmios; nós já temos 100, vamos ter 102. E é por isso que, de repente,
dizem: "Plenário vazio... A Câmara não vota nada de interesse da
Cidade". E eu fico muito triste por estar usando este tempo, que eu mesmo
condenei que fosse usado; mas eu perdi na Comissão de Justiça, eu perdi no
Plenário. Parece que leram que “destinado a” “poderia ser “destinado a 'b'”,
também. Não, "destinado à homenagem", será "destinado à
homenagem". Mas, nós fizemos as Comunicações e homenageamos, muito
justamente, o Colégio Rosário, nos seus 100 anos. E, agora, nós estamos
manifestando a nossa solidariedade ao MOVA. Já se moveram todos, inclusive os
que propuseram.
Portanto, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu peço desculpas pela forma como eu tratei os meus Pares que não
estão aqui e digo: Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Elias Vidal
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, público que se encontra nesta Casa,
senhores telespectadores, venho a esta tribuna para externar a minha tristeza
em ler a reportagem do adeus do nosso querido e amado Ver. Pedro Américo Leal.
Peço ao Ver. Sebenelo que me libere o meu amado mestre Pedro Américo Leal,
porque me alegra saber que ele está me escutando e eu quero, aqui, prestar um
tributo a Vossa Excelência, Vereador Leal.
Li com tristeza a reportagem, com um
pouco de adeus. É uma pena, um homem como V. Exª, com tanta sabedoria, com
tantos anos de experiência, que deveria, agora, estar começando o seu
ministério parlamentar. Agora que está próximo de se sentir um homem completo,
pela experiência que a vida lhe impôs, está saindo. São as coisas da vida!
Quando um parlamentar chega no auge de sua experiência, como o amigo, que tem
tanto a contribuir para ajudar a sociedade, está saindo.
Eu não sou um militar, mas um teólogo. E
alguém poderia dizer: "Um militar é mais duro, porque é um militar; um
teólogo é mais complacente, porque é um teólogo". Mas, mesmo sendo eu um
teólogo, se está errado ou não, eu não sei, mas eu compartilho com as suas
idéias, não digo em cem por cento, porque ninguém compartilha cem por cento com
todos, mas compartilho num percentual muito elevado com a sua maneira de ser.
Todos sabem que eu já deveria ter morrido há muito tempo, por um ato de
violência contra a minha pessoa. Acredito na bandeira que V. Exª defende, acho
que há muita poesia com relação à violência e ao crime. Muita, muita poesia! Eu
compartilho das suas idéias. Quando vejo famílias sendo destruídas, com um pai
sendo assassinado, num latrocínio bárbaro; quando, muitas vezes, tiram a vida
da pessoa e nem o relógio levam. O indivíduo que me roubou, que me deu um tiro
no pescoço, pelo menos levou o meu relógio! Não que eu compartilhe com essa
idéia, mas muitas vezes o indivíduo é assassinado numa situação em que nem a
carteira levam. Morreu por nada.
Não sei se erro em dizer, mas acho que
não existe boa vontade no mundo político, no mundo da Justiça, pois quando
vejo, por exemplo, as nossas cidades se transformando num grande camelódromo,
com material roubado, que muitas vezes vem de um motorista assassinado, um
caminhoneiro que é arrancado do seio de sua família, que estava levando seu pão
para casa, é levado para um matagal e executado; seu caminhão é roubado com a
carga e, depois, parte dessa carga é vendida no Centro de Porto Alegre, ou nas
principais cidades. Como eu posso entender que a Justiça permita esse tipo de
coisa? Há muita complacência; a coisa poderia ser estancada lá na fronteira: “É
proibido entrar com material” e fim de papo. Por que os ônibus vêm carregados
com material roubado, muitas vezes falsificados, contrabandeados, pirateados?
Há muito direito humano para o bandido; o direito humano é para o ladrão, não
para o cidadão. E me dizem: “Mas, Vidal, você é um teólogo e isso não casa com
a tua idéia, com a tua linha como teólogo”. Mas mesmo como teólogo, eu tenho de
pensar nas pessoas que são vítimas da violência.
Quero dizer ao nosso amado Ver. Pedro
Américo Leal que ele tem sido uma inspiração, e acredito que se tivéssemos mais
homens como ele, os bandidos não estariam com armas diante de uma sociedade
desarmada; os bandidos não estariam tão livres andando para cima e para baixo,
matando e roubando. Esses bandidos vão presos por pouco tempo, e vão embora, e
fica por isso mesmo. Presto aqui ao nobre Vereador esta homenagem - não sei se
vou ter outra oportunidade -, e diante da reportagem que saiu na Zero Hora e
que li com atenção, quero dizer que sou um admirador de V. Exª, Ver. Pedro
Américo Leal. Um abraço ao amigo. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Elói Guimarães e
demais Vereadores e Vereadoras, em primeiro lugar quero registrar que no dia de
hoje, 16 de agosto, estamos comemorando, pela primeira vez, Ver. Cláudio
Sebenelo, o Dia Municipal do Controle da Anemia Falciforme, fruto de um projeto
de nossa iniciativa, transformado em lei nesta Casa. Por ocasião da primeira
comemoração deste dia, está-se realizando hoje, na Assembléia Legislativa, um
grande seminário sobre anemia falciforme, com a presença de três representantes
do Ministério da Saúde, das Secretarias Estadual e Municipal da Saúde e mais de
20 entidades, de médicos, de pessoas que trabalham com esse tema, de familiares
e do Movimento Negro Organizado. Como todos devem lembrar, é uma doença pouco
conhecida, hereditária, sem cura, que atinge a etnia negra. É uma doença que
surgiu há milhares de anos na África, como um processo de adaptação do homem ao
meio ambiente e às doenças tropicais. Será, evidentemente, um evento de grande
valia. Esse Projeto foi de minha iniciativa e de iniciativa do Ver. Nereu
D’Avila, e estivemos representando esta Casa neste importante evento.
Eu também gostaria de referir, nesta
tribuna, a vitória do Presidente Chávez, ocorrida no plebiscito da Venezuela,
sobre a oposição que tramava um golpe e pensava poder, com o apoio da mídia,
com o apoio dos Estados Unidos, derrubar um governo legitimamente eleito. Hugo
Chávez contou com 58% dos votos contra apenas 42% da oposição reacionária e
conservadora. Portanto, uma diferença de 16%. E é importante dizer que os observadores,
seja da UEA, seja o ex-Presidente Carter, colocaram o seu entendimento no
sentido de que foi um pleito liso, correto, e que representa a voz e a vontade
do povo venezuelano. Como sempre, a oposição golpista já está dizendo que houve
fraude, que só há uma saída, que é a de derrubar pela força o governo Chávez,
que foi consagrado pelas urnas. Mas essa cantilena nós conhecemos, Ver. Leal.
Aqueles que querem o retrocesso da história da humanidade não aceitam a
democracia quando ela aponta no rumo do avanço.
Então, nós que tivemos a oportunidade de
firmar, pela Internet, um apoio ao governo venezuelano, pois nos sentimos
também vitoriosos, porque uma vitória do povo venezuelano é uma vitória do povo
brasileiro, assim como as vitórias do nosso povo, são certamente vitórias dos
povos latino-americanos.
Eu queria, também, saudar a decisão da
Câmara dos Deputados, que aprovou, em primeiro turno, por 362 votos contra 10,
com oito abstenções, e cinco votos contra, uma Emenda à Constituição que
determina a expropriação, Ver. Elói, de todas as terras onde haja trabalho
escravo. É um absurdo que no terceiro milênio ainda estejamos assistindo, nos
nossos grotões, o trabalho escravo. Depois de uma longa luta na tramitação
desse Projeto, finalmente, onde houver trabalho escravo, a terra será
expropriada, para que sirva de lição aos escravocratas modernos.
Queríamos também louvar a decisão da
Câmara Federal que, no dia 11 deste mês, aprovou dois Projetos de Lei
Complementar recriando a Sudene e a Sudam, dois órgãos que cumpriram um papel
fundamental numa perspectiva desenvolvimentista, que os governos neoliberais,
que têm terror ao termo desenvolvimento, que borraram das nossas faculdades o
estudo da matéria do desenvolvimento, e liquidaram, terminando com essas agências
de desenvolvimento do País. Finalmente, começa-se a construir novamente um
projeto de Nação, retomando-o em um outro patamar, Ver. Elói, porque não se
pode querer voltar atrás. O primeiro projeto de desenvolvimento que este País
teve foi o projeto de Getúlio Vargas, nos seus moldes, com seus limites e no
seu momento histórico. O País virou uma página e começa uma retomada do
desenvolvimento. A aprovação da Sudam e da Sudene, em novos moldes, representa
uma sinalização nesse sentido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver.
Sebastião Melo.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Vereadoras e Vereadores,
pessoas que nos acompanham, eu tenho um Projeto aqui na Casa que fala da
proibição de propaganda política - e só política - nos postes da Capital. Os
motivos são muitos, que a própria sociedade pensa e externa pelos canais de
imprensa – o rádio, o jornal e a televisão. Os jornais de bairro estão atentos
e divulgam esses pensamentos da população. A propaganda política em postes da
Capital não é do agrado de homens e mulheres que moram nesta Cidade, a valorosa
Porto Alegre.
Porto Alegre de pujança, sim, apesar das dificuldades, mas
uma Cidade que pode dar o exemplo de limpeza, de não-poluição visual e de
não-prejuízos para a rede de esgotos da Cidade, para o nosso riacho - o arroio
Dilúvio - e, conseqüentemente, para o rio Guaíba. Nas limpezas que são feitas
em nosso rio, e deveriam ser feitas com mais assiduidade, pedaços de plástico
de propagandas políticas aparecem em profusão. Ajudamos a matar o rio Guaíba,
esse pedaço tão bonito do Rio Grande, um belíssimo cartão postal para o mundo
com o nosso inigualável pôr-do-sol. A propaganda em postes atrapalha o trânsito
porque adversários políticos, perfeitamente, na calada da noite, pregam
propagandas políticas em placas de sinalização. Acontece seguidamente em 90
dias de campanha, e a Justiça pode, ao agir com o rigor da lei, estabelecer
multas irreparáveis para certos candidatos. Basta fiscalizar a Cidade!
Arames arrebentados vão baixando do poste e ficam na altura
suficiente para serem alcançados pelo rosto de uma criança. Propaganda malfeita
em poste determina, sim, perigo para a população.
Eu já conversei com uns quantos
Vereadores aqui na Casa e senti que posso contar com eles neste Projeto,
aprovando a proibição definitiva de propagandas políticas em postes na cidade
de Porto Alegre, o Dib, o Pujol, o Braz, o Bosco – que já não usa – e também o
Ver. Ervino Besson. E antes que se diga ser um Projeto demagogo, eu quero dizer
que ele existe há dois anos e agora recebe algumas alterações importantes,
deixando de atingir pessoas de poucas posses que precisam usar postes em frente
aos seus estabelecimentos para fazer propaganda, até aquele que anuncia aulas
de sanfona. No Projeto, não é proibido nada disso e muito menos são atingidos
grupos de pagode e demais manifestações culturais, grupos de teatro e etc.
Pedimos, no Projeto, a proibição de
propaganda nos postes feita de forma relaxada! Somos ou não somos também
responsáveis pela Cidade e pelo desejo coerente e justo de seus moradores? E
pesquisas feitas apontam, atestam, a reprovação dos porto-alegrenses quanto à
propaganda política no poste.
Para os apressadinhos que me cobraram – e
essa digo diretamente à Verª Sofia Cavedon -a respeito da proibição de
propagandas políticas, dizendo que eu uso banners
pela Cidade, eu quero dizer que gostaria que nunca terminasse a campanha
política, que eu pudesse ter dinheiro para continuar dando emprego para algumas
pessoas que estão desempregadas, desesperadas! Segura-se um banner, recebe-se um troco; usa-se o
poste, suja-se a Cidade e nada se paga.
Eu vou colocar uma emenda no Projeto
pedindo que, se for mantida a permissão para propaganda política em postes da
Cidade, seja cobrado, por exemplo, cinqüenta centavos para cada placa fixada, e
esse dinheiro vá para um fundo para as creches pobres da Capital. Quem quiser
que suje a Cidade, mas, em compensação, que ajude a manter as creches da
Capital.
Viver em um País em que o Presidente do
nosso principal banco, o Banco Central, que guarda o dinheiro do País, do povo,
envolve-se com doleiros e deixa histórias mal contadas junto à Receita Federal
é demonstrar a teimosia e continuar acreditando que os que nos dirigem são
pessoas de bem.
Um País sério, comprometido com a
verdade, e com o desejo mesmo de fazer o seu povo mais feliz não pode conviver
em meio a isso de forma indiferente. Indiferente não, dando total apoio a esse
dirigente acusado, o Meirelles, do Banco Central.
Em tempos idos, fatos como esse
motivariam pedidos de CPIs. Agora, quem está no Governo se alvoroça no direito
de contrariar toda a sua raça, a sua gente, e aqueles que depois das eleições
passaram a acreditar também, vindos de outras facções políticas. A esperança
havia vencido o medo. E hoje o medo volta a atormentar o povo brasileiro,
porque os rumos da economia são pífios e
os projetos aprovados e colocados em prática ficam pelo caminho da burocracia e
da falta de vontade política.
Temos experimentado, sim, alguns toques de melhoria na
economia, mas isso é muito pouco diante de uma das necessidades terríveis que o
povo enfrenta, que é essa falta desgraçada de emprego. O cidadão desempregado
perde a dignidade. Eu achava que o novo Governo iria ter como cavalo de batalha
a geração de novos empregos. Pelo menos prometeu.
Então, se temos de conviver com as
dificuldades e acreditando ainda no trabalho que está sendo feito para
equilibrar essa economia, precisamos ser poupados de pelo menos isso: saber que
o principal homem do Banco Central da República é acusado de negócios espúrios
e continua no cargo. Por que não ser afastado até que terminem as
investigações? Afastado sem remuneração, ele não precisa de remuneração. Se
inocente, um pedido de desculpa pública; e, se culpado, cadeia. Não é porque é
um Deputado Federal eleito - sabe-se lá como pelo Estado de Goiás, que é ligado
aos principais bancos que detêm o poder de domínio sobre o Fundo Monetário
Internacional, e hoje Presidente do Banco Central -, que não pode ir para a
cadeia. Pode e deve. Se for culpado, tem de ir. O que me assusta na política é
essa alteração profunda no jeito de pensar de grupos políticos.
Este que chegou ao Planalto pregou ao
longo dos anos a bandeira da honra, da dignidade, da honestidade e da
transparência. E agora faz a gente conviver com os “meirelles” da vida.
Decepcionante, profundamente decepcionante! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra em Grande Expediente por cedência de tempo do Ver.
Reginaldo Pujol.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu fiz
tudo para ocupar este espaço hoje, para falar de um irmão, de um amigo, de uma
pessoa a quem eu dedico um especial carinho pessoal. Mas eu jamais gostaria de
falar na primeira pessoa, porque essa pessoa deve ocupar todos os lugares da
imprensa, dos tititis sociais, das reuniões; hoje só se fala nele: do grande
político gaúcho Ibsen Pinheiro.
Nunca me esqueço, estava em Brasília com
o saudoso, falecido, André Foster – ex-Presidente do PMDB - e ele me disse:
“Sebenelo, no dia de hoje, o Ibsen é considerado uma pessoa doente, com uma
doença contagiosa grave, como se fosse um leproso”, porque os amigos
desapareceram, ele estava absolutamente sozinho, indefeso e, principalmente,
não adiantava defesa. Pedi ao André Foster o telefone do Ibsen; telefonei,
marquei e fomos almoçar na casa dele. Fomos procurá-lo para dizer que estávamos
juntos em qualquer circunstância. E ninguém sabia se as acusações eram válidas
ou não, se era inocente ou não o Ibsen Pinheiro. E ele estava estupefato,
profundamente magoado no olhar, completamente apagado e principalmente com uma perda
de peso assustadora em poucos dias. Foi o que nós pudemos fazer pelo Ibsen.
Depois veio a cassação; ele veio para Porto Alegre, foi julgado em todas as
instâncias e em todas elas foi inocentado por excesso de provas. E eu fico me
perguntando: será que existe algum dinheiro, algum tipo de ação, algum outro
valor no mundo que indenize e compense as perdas de um político que fez uma
carreira de uma ascensão extraordinária, lenta, mas firme, segura, e até chegar
potencialmente a ser Presidente da República, constitucional, deste Pais? Um
político que exerceu, inclusive, a Presidência, como Presidente da Câmara.
Nas muitas vezes, nas milhares de vezes
que nós nos falamos lá no Internacional, na casa dos amigos, almoçando com a
Ivete, com o Milton - e nós sempre estamos juntos, na casa de um ou de outro -,
nós víamos a perda não da credibilidade, não do conceito, mas a perda política
que foi para o Rio Grande do Sul, o vácuo que se criou na esteira de um
trabalho fantástico de uma pessoa impecável na função pública, que foi, é, e
vai continuar sendo o Ibsen Pinheiro. E talvez a coisa mais odiosa que se possa
fazer neste mundo não seja absolver um culpado, e sim condenar um inocente.
Isso é ignomínia. Houve um verdadeiro sacrifício de uma pessoa em nome de uma liberdade
de imprensa corrupta, desonesta, e que via, naquele momento, apenas a venda de
uma edição de um milhão de revistas, mas não via a inominável, profunda,
constrangedora injustiça que estava sendo feita a um dos maiores políticos que
o Rio Grande produziu.
O
Sr. Pedro Américo Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ilustre Ver. Cláudio Sebenelo, o Ibsen foi meu colega na Assembléia
Legislativa do Estado. E eu posso dar um testemunho. Certa vez o Humberto de
Campos, num aparte, como este que lhe pedi agora, disse para o orador que
estava na tribuna - e eu faço minhas as palavras dele, referindo-me ao Ibsen:
“V. Exª deveria ter, da própria inteligência, o recato que outros deveriam ter,
nesta Casa, da própria ignorância”. Mas era o Humberto de Campos, que foi
Deputado, V. Exª sabe, pois V. Exª é médico, mas é versado em coisas
literárias, naquela ocasião, o Humberto de Campos transmitia para o orador tudo
aquilo que eu hoje transmito para o Ibsen Pinheiro. Ele é um homem muito
inteligente e pagou por essa inteligência, ele foi rápido demais, e também não
podia deter a sua marcha para o poder, mas o poder tem caprichos que a própria
razão desconhece. O Ibsen foi traído por essa velocidade de ascensão. Muito
obrigado.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Ao contrário do que V. Exª está falando,
o Ibsen teve uma longa carreira na Câmara e exerceu - parece-me - quatro
mandatos antes de chegar a ser Presidente da Câmara; a sua carreira não foi tão
veloz e tão meteórica. Mas, mais do que isso, ele foi um Presidente
inesquecível da Câmara, quando cassou, pela primeira vez, “cortando na própria
carne”, Jabes Rabelo, que era um traficante de tóxicos. Toda a Bancada nortista
exibia revólveres ameaçando o Presidente da Câmara, e ele dizia que, em nome do
País, em nome de tudo o que ele representava de mais sagrado deste País,
anunciava a cassação de uma pessoa envolvida com o tráfico de tóxicos - essa
foi a verdade apurada, não foi um julgamento político. E por isso ele pagou
caro também: pela soma de audácias, entre elas a da cassação de um Presidente.
O
Sr. Pedro Américo Leal: Ele foi alcançado pela “maldição da Casa
da Dinda”.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Talvez esta seja a insignificante,
singela e mínima homenagem que eu faço.
(Aparte anti-regimental do Ver. João
Bosco Vaz.)
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu quero, terminando, só dizer que ainda
na quarta-feira passada, ainda na semana passada, nós, juntos, vimos um
espetáculo maravilhoso, magnífico, no SESI, Sr. Presidente, da Federação
Israelita, um espetáculo inesquecível para Porto Alegre, e eu assisti, junto
com o Ibsen Pinheiro, antes da publicação dessa revista. Ele continua discreto,
talentoso, e vai ser para sempre um dos maiores heróis gaúchos de todos os
tempos, porque está vivo, competente, e vai voltar à política. Esta é a
felicidade que nós teremos, especialmente aqui, Ibsen Pinheiro, nesta Casa,
como nosso colega, ou colega de quase todos os que vão se reeleger, aqui.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: É verdade, mas vai estar aqui de
pensamento e de coração.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. HAROLDO DE SOUZA (Requerimento): Presidente, eu posso
pedir verificação de quórum?
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Pode!
O
SR. HAROLDO DE SOUZA (Requerimento): E gostaria que fosse
registrado o nome dos Vereadores que estão presentes.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Visivelmente...
(Pausa.) Faremos a chamada nominal. Peço que seja aberto o painel eletrônico
para que se proceda à verificação de quórum.
O
SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Para esclarecimento,
eu peço a V. Exª que suspenda, porque é impossível um processo de votação com
esclarecimento de votação.
Eu vou formular o esclarecimento de
votação. Nós estamos no período de Grande Expediente. É isso?
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): É isso!
O
SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Eu indago a V. Exª
qual o número de Vereadores necessários para o funcionamento da Casa neste
momento processual?
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Onze!
O
SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sou grato a V.
Excelência. Passo a votar.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Decorrido o tempo,
encerro a Sessão pela falta de quórum. Registramos a presença dos Vereadores:
Wilton Araújo, João Antonio Dib, Isaac Ainhorn, Ervino Besson, Cláudio
Sebenelo, Haroldo de Souza, João Bosco Vaz. Não há quórum; não há onze
Vereadores. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 17h40min.)
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